Este trabalho visa analisar o liberalismo em Rui Barbosa (1849-1823) privilegiando o momento decisivo de crise e fim da Escravidão no Brasil (1879-1888). O objetivo é identificar em que medida as questões da desigualdade entre as raças e gêneros - tais como colocadas à época - são consideradas no projeto mais amplo de "abolição" pleiteado pelo baiano. Em especial, nos pareceres que Rui elaborou em prol da reforma educacional (1883) e do projeto emancipacionista encetado pelo gabinete Dantas (1884), também elaborado por ele; bem como, nos discursos proferidos nos meetings e os artigos de imprensa publicados entre 1885-88, quando ele reivindica a abolição imediata e sem indenização como ponto de partida da reconstrução nacional. Num contexto em que a questão feminina deixava entrever sua presença no mundo e também no qual a questão étnico-racial passava a se ligar inexoravelmente à ideologia do caráter nacional, Rui Barbosa pensava ser possível fazer da abolição um projeto de futuro mais amplo que, ancorado em políticas de educação popular, poderia transformar gradativamente um país periférico, escravista e patriarcal como o Brasil numa nação verdadeiramente civilizada, isto é, liberal e democrática. Acima de tudo, uma nação na qual o progresso dos talentos individuais não estivesse obliterado pela condição de sexo, cor, raça, etnia e/ou quaisquer elementos biológicos constitutivos de determinado grupo social.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos