O nascimento de um antropólogo: a transformação intelectual de Arthur Ramos vista a partir de sua correspondência (1935-1949).
Heloísa Maria Teixeira
(Doutora pela Universidade de São Paulo; professora do IFSudeste)
Palavras-chave: Antropologia; Estudos Afro-Brasileiros; Correspondências; Intercâmbio intelectual.
Arthur Ramos (1903-1949) foi um dos principais intelectuais de sua época, destacando-se nos estudos sobre o negro e sobre a identidade afro-brasileira. Médico de formação, interessou-se pela Antropologia após a intensa circulação de O Negro Brasileiro – obra de sua autoria, publicada em 1934 – entre os cientistas sociais norte-americanos. A partir de então, percebe-se, através da correspondência trocada com intelectuais estadunidenses, a dedicação de Arthur Ramos a conceitos e metodologias da Antropologia Culturalista. Como impacto imediato, Ramos criou, em 1939, a cadeira de Antropologia para os cursos de graduação da Faculdade Nacional de Filosofia, sendo ele próprio o docente responsável. No final do ano de 1940, partiu em viagem de estudos aos Estados Unidos, permanecendo lá até agosto de 1941. Volta ao Brasil reconhecido como o mais importante antropólogo do país. Em 1942, fundou a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia (SBAE). Terminou sua vida como diretor do Departamento de Ciências Sociais da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), cargo que ocupou por apenas três meses, pois faleceu inesperadamente em outubro de 1949.
Arthur Ramos deixou uma produção de mais de 500 obras, entre livros e artigos. Dentre seus estudos, destacamos: O negro brasileiro (1934); Estudos do folclore (1935); As culturas negras no Novo Mundo (1937); Introdução à antropologia brasileira (dois volumes editados nos anos de 1943/1947); As Ciências Sociais e os problemas do pós-guerra (1944); A mestiçagem no Brasil (1952); O negro na civilização brasileira (1956).
Nosso artigo pretende analisar o caminho percorrido pelo intelectual em busca do conhecimento em Antropologia através das correspondências ativa e passiva estabelecidas entre ele e seus maiores interlocutores – Donald Pierson; Richard Pattee; Lynn Smith; Melville J. Herskovits; Rüdiger Bilden Lewis Hanke, entre outros. As correspondências de Ramos desvelam um intenso intercâmbio de textos, experiências de pesquisas, comentários, pareceres e divulgação das produções sobre os africanismos no Novo Mundo.
A correspondência analisada encontra-se no Arquivo Arthur Ramos, tutelado pela Fundação Biblioteca Nacional.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos