Este trabalho tem por objetivo discutir a obra de Manoel Bomfim tendo como recorte suas obras que versam sobre educação, destacando como em seus escritos a instrução pública se relaciona com a construção e o fortalecimento da nação. Intelectual ativo durante a Primeira República, dedicou sua vida à docência. Durante quase duas décadas, atuou na direção do Pedagogium, museu da educação na capital da jovem república, bem como lecionou Sociologia, Psicologia e Pedagogia na Escola Normal. Embora sua obra mais conhecida seja América Latina: males de origem, em sua prática docente o sergipano atuou para levar a cabo seu projeto de Brasil, redimido pela instrução pública. À medida em que se constitui como substrato da tradição, a nação aparece em seus apontamentos como um artefato histórico construído e em movimento. Mediante a aprendizagem, os cidadãos reforçariam em si e para a comunidade, valores que nos distinguem dentre outros povos e nações. Encontra-se aí a premência do processo educativo que, ao formar cidadãos tirando-os da ignorância e do analfabetismo, fortalece a nação.
Dado que a constituição republicana impõe um interdito aos analfabetos, cumpre ao Estado o dever de educar os indivíduos desde a mais tenra infância, para facultar-lhes os elementos necessários para o exercício da cidadania e participação plena no processo eleitoral, para não seguir sendo um “embuste de democracia, sem eleitores” (BOMFIM, 2010).
Embora imputasse papel central à educação nos processos de mudança social e para o fortalecimento da democracia, Bomfim não era um ingênuo, estando ciente das limitações. Contudo, apostava na educação pública como caminho promissor.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos