Este paper tem como objetivo apresentar dados etnográficos, ainda em caráter exploratório, acerca da organização designada como Povo de Israel (PVI ou “Rael”) em um presídio na região metropolitana do Rio de Janeiro. O PVI, ainda pouco estudado na literatura brasileira, é uma organização criada por detentos que não são aceitos pelas outras facções por conta do delito cometido e/ou por terem, de algum modo, traído sua facção de origem. A pesquisa de campo conta com a participação de ex-detentos, através de entrevistas e conversas informais com estes já em condição de liberdade, sendo algumas, já em tempos de pandemia e isolamento social, realizadas através de ferramentas de interação virtual. Assim, pretendo identificar as práticas de “organização” e “sobrevivência” dos integrantes do “Rael” e verificar sua relação com o pensamento social brasileiro, com as desigualdades arraigadas em nossa sociedade, e o modelo de justiça criminal, pautado em um sistema misto (com características do sistema acusatório e do sistema inquisitório), utilizando-se de instrumentos formadores de culpa (em especial, o inquérito policial). Para tanto, proponho a discussão acerca do pensamento social brasileiro a partir das ideias de Tavares Bastos, Rui Barbosa e João Mendes de Almeida Junior, mas não se limitando a tais autores. Dessa forma, proponho apresentar categorias e práticas do Povo de Israel como forma de evidenciar que a prisão não é um “mundo paralelo” ou “apartado” da sociedade como um todo.
O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.
https://netsib.ufes.br/seminario/cadernoderesumos