Juliano Moreira e a psiquiatria social no Brasil

  • Autor
  • William Vaz de Oliveira
  • Resumo
  • Em finais do século XIX, havia uma forte tendência entre os psiquiatras brasileiros a considerar as doenças mentais do ponto de vista da hereditariedade. Ao lado de políticos e intelectuais, consideravam a mestiçagem o principal fator de degeneração do povo brasileiro.. De modo geral, as causas das doenças mentais eram atribuídas à mistura de raças, bem como aos fatores climáticos dos trópicos. Raimundo Nina Rodrigues, por exemplo, que se mantinha atrelado ao pensamento evolucionista dominante na época, defendia a ideia de que a mistura de raças era fortemente prejudicial à formação de um país - para ele a mestiçagem era um traço de inferioridade e a principal causa da loucura. 

    O psiquiatra Juliano Moreira ao contrário, pensava que a questão racial não determinava a doença mental e que os principais causadores das enfermidades mentais eram a ignorância, o alcoolismo, a sífilis, as verminoses, bem como as condições sanitárias e educacionais do povo brasileiro. Por isso mesmo, a psiquiatria deveria trabalhar de forma profilática e preventiva de modo a combater os fatores de degeneração psíquica. Como diretor do Hospital Nacional de Alienados e da Assistência Médica e Legal de Alienados, função que exerceu por quase trinta anos – de 1903 a 1930 -, Juliano Moreira buscou construir um modelo de psiquiatria social que se ocupasse não apenas com o caráter orgânico e científico, mas, sobretudo, com os aspectos sociais das doenças mentais. Ao articular a prática clínica e o trabalho de divulgação científica, Juliano traça os caminhos para a consolidação de uma escola psiquiátrica no Brasil.

    Desse modo, este trabalho tem como objetivo principal, fazer uma incursão ao pensamento e às ideias de Juliano Moreira, destacando não somente os seus discursos e práticas científicas, mas, também, os aspectos sociais que atravessam a sua obra.

  • Palavras-chave
  • Psiquiatria, degeneração, loucura
  • Área Temática
  • AT2 - Gênero e Raça no pensamento social
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O II Seminário de Pensamento Social Brasileiro – intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, realizado entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, na modalidade online, transmitido pelas páginas oficiais do evento no Youtube e no Facebook e pela DoityPlay.

 

  • AT1 - Clássicos do pensamento social brasileiro
  • AT2 - Gênero e Raça no pensamento social
  • AT3 - Arte, literatura e sociedade
  • AT4 - Nacionalismos, Modernismos e Modernidades
  • AT5 - Economia, Estado e sociedade no pensamento social e político
  • AT6 - Educação e cultura no pensamento social e educacional
  • AT7 - Intérpretes e interpretações do Brasil contemporâneo
  • AT8 - História da historiografia e História das ciências sociais
  • AT9 - Marxismo e teoria crítica

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