Pacientes em tratamento oncológico estão em constante busca de alternativas para melhorar sua qualidade de vida. Plantas medicinais e fitoterápicos têm sido utilizados com esta finalidade, entretanto as potenciais interações medicamentosas requerem especial atenção. Neste estudo realizou-se uma revisão integrativa da literatura sobre possíveis interações indesejáveis entre medicamentos antineoplásicos convencionais e plantas medicinais. Foram consultados seis bancos de dados eletrônicos, utilizando os termos: “fitoterapia”, “interações medicamentosas”, “antineoplásicos” e “phytotherapy”, “drug interactions”, “antineoplastics”. Critérios de inclusão foram: artigos de 2010 a 2020, disponíveis na íntegra, em língua inglesa ou portuguesa, abordando o tema ou seus descritores. Foram selecionados 15 artigos, constatando-se 35 antineoplásicos convencionais com a possibilidade de interagir com 45 plantas ou matérias-primas vegetais comumente utilizadas como medicinais. Destes, os medicamentos antineoplásicos frequentemente relatados foram o bortezomibe, ciclofosfamida, docetaxel, etoposídeo, imatinibe, irinotecano, tamoxifeno, e os alcaloides da vinca (vincristina, vimblastina, vindesina e vinorelbina). Já as plantas ou matérias-primas vegetais mais reportadas foram Echinacea purpurea, Erva de São João (Hypericum perforatum), Chá verde (Camellia sinensis), Ginkgo biloba, Panax ginseng e Cúrcuma (Curcuma longa). Foi possível identificar interações farmacocinéticas, que incluem a inibição ou indução das enzimas CYP450 e transportadores, principalmente das enzimas CYP3A4 e CYP2D6. Os antineoplásicos são substratos de CYPs e a inibição e/ou indução de enzimas metabolizadoras afeta a biodisponibilidade e depuração destes. A inibição de CYP dificulta a depuração de substratos, gerando um acúmulo do medicamento, fato indesejável aos antineoplásicos, devido aos mesmos possuírem a janela terapêutica estreita e maior potencial para toxicidade. Já a indução das enzimas CYP acarreta em um aumento da atividade metabólica e exposição reduzida ao medicamento, resultando em falha e resistência ao tratamento Salienta-se que existem poucos estudos clínicos com plantas medicinais e fitoterápicos, gerando assim preocupações quanto as interações relevantes na prática clínica. Portanto, é prudente evitar o uso de plantas medicinais durante o tratamento com antineoplásicos, principalmente da Echinacea, Erva de São João, Chá verde, Ginkgo, Ginseng e Cúrcuma, visto que utilizam as mesmas isoformas P450 para sua metabolização.
Alexandre Henrique Magalhães
Aline Bispo Santos Januário
Ana Karine Pessoa Bastos
Ana Paula Agrizzi
Arno Rieder
Carlos Alexandre Marques
Danilo Ribeiro de Oliveira
Elaine Santiago Brilhante Albuquerque
Else Saliés Fonseca
Ely Eduardo Saranz Camargo
Ernane Ronie Martins
Eulalia Soler Sobreira Hoogerheide
Fabian Arantes de Oliveira
Fabio de Oliveira Costa Junior
Germano Guarim Neto
Haroldo Alves Pereira Júnior
Henriqueta Tereza do Sacramento
Henry Suzuki
Ilio Montanari Júnior
Iorrana Vieira Salustiano
Isanete Geraldini Costa Bieski
James Almada da Silva
Jaqueline Guimarães
Jaqueline Rigotti Kubiszeski Guarnieri
Jefferson Pereira Caldas dos Santos
José Maria Barbosa Filho
Joseane Carvalho Costa
Júlio César Oliveira Peixe
Laís Azevedo Rodrigues
Larissa Cavalheiro da Silva
Leonir Cleomar Janke
Luis Carlos Marques
Luiz Fernando Ramos Ferreira
Marcos Roberto Furlan
Maria Corette Pasa
Marliton Rocha Barreto
Maria Maia Braggio
Mary Anne Medeiros Bandeira
Naomi Kato Simas
Nara Lins Meira Quintão
Nívea Maria Pacheco
Norma Albarello
Polliana Conceição Garcia
Raquel Regina Duarte Moreira
Ricardo Tabach
Rivaldo Niero
Rodrigo Ribeiro Tarjano Leo
Santina Rodrigues Santana
Sérgio Ascêncio
Sikiru Olaitan Balogun
Silvia Ribeiro de Souza
Solange Aparecida Nappo
Suzy Helen Dourado
Sylvia Escher de Oliveira Nielson
Vanessa Roberta Rodrigues da Cunha