As infecções do trato urinário (ITUs) possuem alta frequência na população, inclusive de forma recorrente. Nesses casos, a demanda constante do uso de antibióticos se mostra perigosa diante da emergência da resistência microbiana, a qual se relaciona a graves consequências, não apenas para a saúde da população, como também em aspectos econômicos e sociais. Por esse motivo, medidas que minimizem a prescrição desses medicamentos merecem atenção. O uso popular da espécie Vaccinium macrocarpon, para tratamento de infecções, data do século passado, e hoje se discute o efeito de seu produto, o cranberry, sobre as ITUs. Dessa forma, esta revisão busca verificar se existem evidências clínicas que comprovem a eficácia e segurança do uso desse vegetal para prevenção de ITUs. Para isso, a busca foi realizada na base de dados BVS, com uso dos descritores “Vaccinium macrocarpon”, “Urinary Tract Infections” e “Phytotherapy”, e aplicados os filtros para seleção de apenas publicações dos últimos 5 anos, com texto completo e idioma inglês, obtendo-se 25 artigos. Como critério de inclusão, apenas ensaios clínicos randomizados e com grupo controle foram selecionados a partir da leitura dos artigos, totalizando 9 estudos para revisão. Quatro ensaios clínicos apresentaram redução estatisticamente significativa dos episódios de infecção (35%-55%) ao comparar o grupo que consumiu o derivado com o grupo controle. Dentre outros achados, também estavam a redução de: pH urinário, adesão endotelial bacteriana e presença de piúria. Entretanto, outros quatro ensaios, envolvendo pacientes submetidos à cirurgia e implantação de cateter, não obtiveram valores significativos para redução de ITUs associada a ingestão de derivados da planta, assim como no estudo realizado em uma casa de idosos. Os resultados estatisticamente significativos encontrados entram em acordo com estudos prévios, que apontam as proantocianidinas como provável fator benéfico da espécie analisada, por inibição da aderência bacteriana nas células da bexiga, o que inibe a proliferação de microorganismos, mais especificamente tipos de E. coli. Nesse contexto, a redução da frequência de ITUs mostra o consumo do cranberry como estratégia de prevenção possivelmente favorável, ao passo que houve uma diminuição da necessidade de antibioticoterapia nos grupos, por haverem contraído menos a doença. Apesar de dados instigantes, não deve ser desprezado que 5 dos 9 artigos não apontaram a espécie como promissora. Por isso, não há certeza quanto a eficácia desse vegetal. Ademais, não há muitos ensaios com públicos semelhantes, o que auxiliaria em saber a eficiência do consumo de cranberry para casos específicos.
Alexandre Henrique Magalhães
Aline Bispo Santos Januário
Ana Karine Pessoa Bastos
Ana Paula Agrizzi
Arno Rieder
Carlos Alexandre Marques
Danilo Ribeiro de Oliveira
Elaine Santiago Brilhante Albuquerque
Else Saliés Fonseca
Ely Eduardo Saranz Camargo
Ernane Ronie Martins
Eulalia Soler Sobreira Hoogerheide
Fabian Arantes de Oliveira
Fabio de Oliveira Costa Junior
Germano Guarim Neto
Haroldo Alves Pereira Júnior
Henriqueta Tereza do Sacramento
Henry Suzuki
Ilio Montanari Júnior
Iorrana Vieira Salustiano
Isanete Geraldini Costa Bieski
James Almada da Silva
Jaqueline Guimarães
Jaqueline Rigotti Kubiszeski Guarnieri
Jefferson Pereira Caldas dos Santos
José Maria Barbosa Filho
Joseane Carvalho Costa
Júlio César Oliveira Peixe
Laís Azevedo Rodrigues
Larissa Cavalheiro da Silva
Leonir Cleomar Janke
Luis Carlos Marques
Luiz Fernando Ramos Ferreira
Marcos Roberto Furlan
Maria Corette Pasa
Marliton Rocha Barreto
Maria Maia Braggio
Mary Anne Medeiros Bandeira
Naomi Kato Simas
Nara Lins Meira Quintão
Nívea Maria Pacheco
Norma Albarello
Polliana Conceição Garcia
Raquel Regina Duarte Moreira
Ricardo Tabach
Rivaldo Niero
Rodrigo Ribeiro Tarjano Leo
Santina Rodrigues Santana
Sérgio Ascêncio
Sikiru Olaitan Balogun
Silvia Ribeiro de Souza
Solange Aparecida Nappo
Suzy Helen Dourado
Sylvia Escher de Oliveira Nielson
Vanessa Roberta Rodrigues da Cunha