A pandemia provocada pelo coronavírus (covid-19) aparentemente representa o maior e mais rápido desafio para os sistemas de saúde pública em décadas (COSTA et al, 2020). Cada região vem enfrentando os desafios de acordo com suas particularidades e contexto histórico de investimento na saúde pública. No estado do Amazonas, os desafios são ainda maiores, pois pouco se sabe sobre as características de transmissão da Covid-19 num contexto de grande desigualdade social, com populações vivendo em condições precárias de habitação e saneamento, sem acesso sistemático à água, atendimento hospitalar e em situação de aglomeração (SILVA & DIAS, 2020). O objetivo do estudo é contribuir para o entendimento dos processos públicos no âmbito da saúde criados para o enfrentamento da pandemia e dos efeitos sentidos pelas populações locais frente às políticas de isolamento social. Para obtenção das informações foram realizadas entrevistas com moradores das áreas rurais e profissionais da área de saúde, tendo como principal ferramenta o uso de aparelhos celulares com conversas por telefone e pelo aplicativo WhatsApp, no período entre abril de 2020 e janeiro de 2021. Entre os relatos apresentados destacamos a deficiência nos serviços de assistência à saúde prestados aos moradores das áreas rurais que se agravou com a pandemia, instalando-se a sensação de insegurança para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e parteiras tradicionais. Para alguns ACS, essa insegurança manifestou-se na inadequação e na escassez dos instrumentos para ajudarem nas informações de prevenção e dificuldade de acesso a medicamentos; e a demora em receber capacitação técnica para lidarem com o novo coronavírus, que ocorreu no final do mês de junho de 2020. Nas entrevistas foi mencionado casos de pessoas que tiveram os sintomas claros de contaminação pela Covid-19, mas não realizaram o teste e nem buscaram atendimento na cidade, por receio de serem contaminados. Muitos recorreram a tratamentos com uso de plantas medicinais, seguindo receitas de alopáticos que circulavam entre moradores das comunidades, como chás com combinações diversas envolvendo gengibre, jambu, mel, limão, alho, boldo, hortelã, andiroba, mastruz, raízes, entre outros. Foram relatados impactos na saúde física e mental dessas populações tradicionais e ribeirinhas tornando o momento de pandemia ainda mais sensível. Evidencia-se assim, uma série de desafios caracterizados pela situação de vulnerabilidade social e econômica que com a pandemia tornaram-se mais agravantes aos moradores de comunidades rurais, áreas protegidas e das cidades do interior, que buscaram em suas redes de solidariedade, saberes e práticas formas de autocuidado.
Alexandre Henrique Magalhães
Aline Bispo Santos Januário
Ana Karine Pessoa Bastos
Ana Paula Agrizzi
Arno Rieder
Carlos Alexandre Marques
Danilo Ribeiro de Oliveira
Elaine Santiago Brilhante Albuquerque
Else Saliés Fonseca
Ely Eduardo Saranz Camargo
Ernane Ronie Martins
Eulalia Soler Sobreira Hoogerheide
Fabian Arantes de Oliveira
Fabio de Oliveira Costa Junior
Germano Guarim Neto
Haroldo Alves Pereira Júnior
Henriqueta Tereza do Sacramento
Henry Suzuki
Ilio Montanari Júnior
Iorrana Vieira Salustiano
Isanete Geraldini Costa Bieski
James Almada da Silva
Jaqueline Guimarães
Jaqueline Rigotti Kubiszeski Guarnieri
Jefferson Pereira Caldas dos Santos
José Maria Barbosa Filho
Joseane Carvalho Costa
Júlio César Oliveira Peixe
Laís Azevedo Rodrigues
Larissa Cavalheiro da Silva
Leonir Cleomar Janke
Luis Carlos Marques
Luiz Fernando Ramos Ferreira
Marcos Roberto Furlan
Maria Corette Pasa
Marliton Rocha Barreto
Maria Maia Braggio
Mary Anne Medeiros Bandeira
Naomi Kato Simas
Nara Lins Meira Quintão
Nívea Maria Pacheco
Norma Albarello
Polliana Conceição Garcia
Raquel Regina Duarte Moreira
Ricardo Tabach
Rivaldo Niero
Rodrigo Ribeiro Tarjano Leo
Santina Rodrigues Santana
Sérgio Ascêncio
Sikiru Olaitan Balogun
Silvia Ribeiro de Souza
Solange Aparecida Nappo
Suzy Helen Dourado
Sylvia Escher de Oliveira Nielson
Vanessa Roberta Rodrigues da Cunha