A Leishmaniose faz parte de um rol taxativo constituído por vinte doenças infecciosas adjetivadas em nome da negligência. Isto porque, apesar da relevância epidemiológica, a dimensão deste problema sanitário é subestimada através do despropocional desenvolvimento de produtos terapêuticos o tendo como alvo. Sendo assim, o tratamento da leishmaniose é limitado e distante do ideal, tornando a busca por moléculas com potencial leishmanicida imperiosa. Partindo deste pressuposto, objetivou-se, por meio de uma revisão de literatura, buscar estudos que explorassem o potencial leishmanicida de plantas medicinais nativas do Brasil altamente ativas frente ao parasito discutido, dando ênfase à fitoquímica. Para tanto, conduziu-se um levantamento bibliográfico de artigos indexados nas bases de dados PubMed e Scientific Electronic Library Online (Scielo), por meio das estratégias de buscas: “Leishmania” AND “Plants” AND “Brazil” e “Leishmania” AND “extract” AND “Brazil”. Após leitura de títulos e resumos, foram incluídos apenas os estudos que se encaixaram no escopo do estudo, apresentando concentração capaz de inibir 50% (IC50) dos parasitos <10?g/mL ou inibição de crescimento >50%, publicados nos últimos 5 anos (2016-2021) e redigidos nas línguas inglesa e portuguesa. Os trabalhos que trataram sobre a atividade leishmanicida de outros produtos naturais, bem como artigos de revisão, foram excluídos do estudo. A pesquisa resultou em 131 artigos encontrados, dos quais apenas 15 deles abarcaram os critérios de inclusão. Desses, 10 artigos foram selecionados pela base PubMed e 5 pela SciElo. A análise dos estudos permitiu identificar 17 espécies altamente ativas através de extratos, frações e/ou substâncias isoladas sobre os tipos de Leishmania, destacando-se a mais comum no país: L. amazonensis. A maioria (10) demonstrou importante atividade sobre o estágio promastigota (8), apenas 3 sobre amastigotas e 4 sobre ambos. No que tange citotoxicidade, as plantas apresentaram níveis alto, moderado e baixo sobre diversos tipos celulares, variando de 3.4 a >1000 e 0.5 a >104.49 no que se refere ao índice de seletividade. As análises fitoquímicas permitiram identificar várias classes de metabólitos associadas à atividade leishmanicida, como flavonóides, quinonas, alcalóides, neolignanas/lignanas e terpenóides, com destaque para as lactonas sesquiterpênicas, compostos característico da família Asteraceae. Os alcalóides expressaram um IC50 de 3.0 a 9.57 ?g/mL, porém os glicoalcalóides apresentaram alta toxicidade aos macrófagos (3.4 a 12.0?g/mL), contrastando com os indólicos (>1000?g/mL). De acordo com o exposto, portanto, constituem um ponto de partida bastante importante para o desenvolvimento de novas terapias contra a leishmaniose.
Alexandre Henrique Magalhães
Aline Bispo Santos Januário
Ana Karine Pessoa Bastos
Ana Paula Agrizzi
Arno Rieder
Carlos Alexandre Marques
Danilo Ribeiro de Oliveira
Elaine Santiago Brilhante Albuquerque
Else Saliés Fonseca
Ely Eduardo Saranz Camargo
Ernane Ronie Martins
Eulalia Soler Sobreira Hoogerheide
Fabian Arantes de Oliveira
Fabio de Oliveira Costa Junior
Germano Guarim Neto
Haroldo Alves Pereira Júnior
Henriqueta Tereza do Sacramento
Henry Suzuki
Ilio Montanari Júnior
Iorrana Vieira Salustiano
Isanete Geraldini Costa Bieski
James Almada da Silva
Jaqueline Guimarães
Jaqueline Rigotti Kubiszeski Guarnieri
Jefferson Pereira Caldas dos Santos
José Maria Barbosa Filho
Joseane Carvalho Costa
Júlio César Oliveira Peixe
Laís Azevedo Rodrigues
Larissa Cavalheiro da Silva
Leonir Cleomar Janke
Luis Carlos Marques
Luiz Fernando Ramos Ferreira
Marcos Roberto Furlan
Maria Corette Pasa
Marliton Rocha Barreto
Maria Maia Braggio
Mary Anne Medeiros Bandeira
Naomi Kato Simas
Nara Lins Meira Quintão
Nívea Maria Pacheco
Norma Albarello
Polliana Conceição Garcia
Raquel Regina Duarte Moreira
Ricardo Tabach
Rivaldo Niero
Rodrigo Ribeiro Tarjano Leo
Santina Rodrigues Santana
Sérgio Ascêncio
Sikiru Olaitan Balogun
Silvia Ribeiro de Souza
Solange Aparecida Nappo
Suzy Helen Dourado
Sylvia Escher de Oliveira Nielson
Vanessa Roberta Rodrigues da Cunha