Introdução: Uma das complicações mais frequentes da Hanseníase, cujo agente etiológico é o Mycobacterium Leprae, é a reação hansênica do tipo 1, episódio reacional por hipersensibilidade tardia aos antígenos. Ocorre um predomínio da imunidade celular específica em 10 a 33% dos portadores de Hanseníase, geralmente apresentando-se dentro dos seis primeiros meses de tratamento. Todavia, há casos em que se manifesta antes do diagnóstico. O presente relato narra um caso incomum de reação hansênica do tipo 1 antes do início do tratamento medicamentoso.
Relato de Caso: Masculino, 62 anos. Comparece ao consultório com resultado histopatológico de hanseníase dimorfa mutibacilar. Relata que há seis meses surgiram lesões pequenas no abdome e dorso, evoluindo progressivamente em tamanho e número. Observada hipersensibilidade dos membros e edema súbito de mãos e pés. Ao exame físico, notou-se placas eritematosas bem delimitadas e mal definidas, com alterações de sensibilidade e algumas lesões de pele de características infiltrativas, além de descamação cutânea, principalmente em membros inferiores. A avaliação neurológica demonstrou nervos espessados (ulnar, radial, mediano e fibular) e redução da força muscular em pálpebras, mãos e pés. O teste de sensibilidade mostrou alterações difusas, principalmente em tronco e membros. Tratando-se, pois, de Hanseníase em estado reacional tipo 1. Iniciado tratamento padrão com Poliquimioterapia (PQT) e Prednisona, oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Discussão: A reação hansênica cursa com inflamação da pele e dos nervos. É possível que a neurite se manifeste de forma grave, causando danos como perda de função originada do edema e da pressão no nervo. Neste caso, a demora em procurar ajuda resultou em um agravamento do quadro no momento do diagnóstico. Os achados clínicos (lesões cutâneas hiperemiadas, dores e hipersensibilidade nos membros, perda de sensibilidade difusa) são compatíveis com as manifestações características da reação tipo 1. Portanto, de acordo com os dados encontrados, se mostrou necessário a ampliação dos estudos acerca de casos com reação hansênica antes do tratamento medicamentoso, tendo em vista a carência de publicações sobre o tema. Ademais, é preciso que haja detecção e procura precoce, juntamente com um seguimento contínuo do paciente, pois esta é a melhor forma de prevenir reações e neurites.
Comissão Organizadora
Liga Acadêmica de Infectologia e Vigilância em Saúde
Beatriz Ortegal Freire - Diretora Científica da LAIVS
Luana Lara Neves - Vice-diretora científica da LAIVS
Gabriela Kich - Ligante LAIVS
Laura Carneiro - LAIVS
Comissão Científica
Dr. Marcos Antonio Barbosa Pacheco
Dr. Lídio Gonçalves Lima Neto
Dr. Fabrício da Silva Pessoa
Dra. Lilaléa França
Ms. Mara Pimentel
Dra. Tânia Gaspar
Dra. Janine Godoy
Dra. Mylena Torres