O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por déficits em interação social e comunicação, além de comportamentos restritos e repetitivos, sem tratamentos farmacológicos para os principais sintomas. A N-acetilcisteína (NAC), um antioxidante, pode ser uma opção promissora, especialmente administrada via intranasal, que tem ação eficaz no sistema nervoso central. Este estudo avaliou os efeitos da NAC intranasal em um modelo experimental de TEA induzido por ácido valpróico (VPA). Ratos machos, nascidos de matrizes expostas ao VPA (600mg/kg) ou salina (SAL) no 12,5° dia gestacional, foram divididos: I)SAL+SAL;II)SAL+NAC;III)VPA+SAL;IV)VPA+NAC. A NAC foi administrada via intranasal (100 ?g/kg/dia) entre os dias 21 e 35 pós-natal. Avaliaram-se neurodesenvolvimento (peso, abertura ocular, discriminação olfatória e geotaxia), comportamento social e locomotor, além de parâmetros bioquímicos do córtex posterior, hipocampo e cerebelo (CEUA 62/2022). Animais VPA-expostos apresentaram atraso para encontrar seu ninho e para rotacionar sobre o próprio eixo no teste de geotaxia. No comportamento social, o grupo VPA demorou para encontrar o rato 1 e houve redução no número e no tempo de encontro com o rato 1 e 2 nos grupos VPA, SAL+NAC e VPA+NAC, comparados ao CT. Houve redução do tempo na câmara esquerda (com rato 1) na fase 2 comparado a fase 1 no grupo CT, SAL+NAC e VPA+NAC. Na atividade locomotora, o número de levantadas reduziu em VPA, SAL+NAC e VPA+NAC, comparados ao CT e no VPA+NAC, comparado ao VPA. No córtex posterior, animais VPA+NAC apresentaram aumento na atividade de catalase (CAT) e glutationa redutase, comparados ao VPA. No hipocampo, animais VPA+NAC apresentaram aumento na atividade de superóxido dismutase, conteúdo total de sulfidrilas e diferença significativa nos níveis de CAT quando comparados ao VPA. Em contrapartida, o tratamento com NAC reduziu as espécies reativos de oxigênio. Por fim, no cerebelo, houve uma diminuição na CAT no grupo VPA+SAL quando comparado ao CT. Não houve diferenças nos demais parâmetros. O modelo animal de TEA induzido por VPA resultou em atraso no neurodesenvolvimento, déficits sociais e comportamento exploratório, enquanto o NAC demonstrou capacidade de reduzir o dano oxidativo e reverter alguns danos provocado pelo VPA.
É com imensa satisfação que apresentamos o caderno de resumos do IV Simpósio Brasileiro de Neurociências, realizado de 4 a 7 de dezembro de 2024, em Joinville, Santa Catarina. Este evento consolidou-se como um marco na promoção da ciência, formação de cientistas e divulgação científica, reunindo profissionais, pós-graduandos e graduandos em um ambiente propício ao intercâmbio de conhecimentos e experiências nas diversas esferas das neurociências. O evento é realizado pela Organização Ciências e Cognição, UFRJ, CENSUPEG, com o apoio do CNPq.
A programação do simpósio foi cuidadosamente elaborada para abordar temas atuais e pertinentes, por meio de conferências, mesas-redondas e palestras ministradas por pesquisadores de renome nacional e internacional. Essa estrutura proporcionou aos participantes a oportunidade de debater com especialistas, integrando diferentes perspectivas, como biologia molecular, fisiopatologia, clínica e morfologia, essenciais à construção do senso crítico e à iniciação científica.
Complementando as atividades teóricas, foram oferecidos minicursos destinados à capacitação e atualização dos profissionais em técnicas e assuntos relevantes ao desenvolvimento nas ciências do sistema nervoso. Essas iniciativas visaram fortalecer a formação acadêmica e prática dos participantes, ampliando suas competências e habilidades no campo das neurociências.
Os trabalhos submetidos e selecionados foram apresentados em sessões orais, avaliados por bancas compostas por doutores. Essa dinâmica permitiu um diálogo construtivo entre apresentadores e avaliadores, promovendo a troca de insights e contribuindo para o aprimoramento das pesquisas em andamento. Além disso, o público teve a oportunidade de se atualizar sobre as investigações conduzidas por diversas instituições, enriquecendo o conhecimento coletivo.
O IV Simpósio Brasileiro de Neurociências também abrigou eventos satélites de grande relevância: o I Colóquio de Neuropsicopedagogia de Santa Catarina e o III Encontro Ciências e Cognição. Essas iniciativas ampliaram o escopo do simpósio, fomentando discussões interdisciplinares e fortalecendo as relações entre os diversos núcleos de pesquisa e ensino.
Este caderno de resumos reflete a diversidade e a qualidade das pesquisas apresentadas, evidenciando o compromisso da comunidade científica brasileira com o avanço do conhecimento em neurociências. Esperamos que este registro sirva como fonte de consulta e inspiração para futuros estudos, contribuindo para o contínuo desenvolvimento da ciência em nosso país.
Agradecemos a todos os participantes, palestrantes, avaliadores e organizadores que, com dedicação e entusiasmo, tornaram possível a realização deste evento. Que os frutos aqui colhidos impulsionem novas descobertas e colaborações, fortalecendo cada vez mais a neurociência brasileira.
Cordialmente,
Comissão Organizadora
IV Simpósio Brasileiro de Neurociências
Comissão Organizadora
Aliny Carvalho Dematté
Alfred Sholl-Franco
Fabrício Bruno Cardoso
Glaucio Aranha Barros
João Vítor Galo Esteves
Comissão Científica
Aliny Carvalho Dematté
Alfred Sholl-Franco
Fabrício Bruno Cardoso
Glaucio Aranha Barros
João Vítor Galo Esteves
Comissão de Apoio
Angélica Campos
Esdras Pinheiro
Isabela Goldstein