A papilomatose bovina cutânea é uma doença cosmopolita, infectocontagiosa, frequente em bovinos jovens. Trata-se de uma afecção tumoral benigna, de natureza fibroepitelial, caracterizada por alterações cutâneas, causada pelo papiloma vírus bovino da família Papillomaviridae e destaca-se negativamente e principalmente pelos prejuízos econômicos relacionados à desvalorização dos animais a serem comercializados. Variedade de tratamentos tem sido relatada e incluem a administração de fármacos e técnicas para a exérese cirúrgica. Nos últimos anos, a cirurgia a laser tem se difundido na veterinária, por apresentar entre suas vantagens, hemostasia e efeitos fotobiomoduladores. O mecanismo de ação biomodulador, baseia-se na absorção seletiva de fótons, em comprimento de onda específico, por determinados cromóforos (moléculas, ou parte delas, tais como melanina, hemoglobina, água, entre outras), determinando a ocorrência de reações fotoquímicas e, como consequência, neste caso, redução de dor, edema e cicatrização em menor tempo. Dessa forma, objetivou-se explorar o uso do laser de diodo de alta potência como alternativa na ressecção cirúrgica de papilomas cutâneos em bovinos. Foram atendidos na Clínica de Bovinos e Pequenos Ruminantes (CBPR) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP), três bovinos, fêmeas, com 18 meses de idade, mestiços e queixa de, há 90 dias, apresentarem nódulos verrucosos difusos pelo corpo. Ao exame clínico, observou-se nódulos e nodosidades papilomatosas distribuídos em região de cabeça, dorso, abdômen, períneo e membros em intensidade moderada (21 a 80 papilomas). Apresentavam aspecto verrucoso, formando algumas vezes grandes massas de concentração tumoral, sendo também encontradas em aspecto filiforme, base de inserção ampla, estreitando-se nos papilomas pedunculados. Devido à intensidade de papilomas nos animais, optou-se pela ressecção cirúrgica por meio de laser de diodo. Após jejum hídrico (8h) e alimentar (12h), os animais foram contidos, permanecendo em estação e submetidos à sedação com cloridrato de xilazina (2%) pela via intramuscular (0,2 mg/kg) e anestesia infiltrativa local subcutânea, sob as lesões, com cloridrato de lidocaína (2%) sem vasoconstritor, respeitando o limite de segurança do fármaco. Para a exérese cirúrgica dos papilomas utilizou-se laser de diodo (Medilaser, DMC Ltda, São Carlos, Brasil), acoplado à fibra óptica de 400 ?m, emitindo comprimento de onda de 940nm e com 20W de potência em modo contínuo. Durante o procedimento cirúrgico não houve complicações, sendo instituída terapia antimicrobiana (cloridrato de oxitetraciclina, 20 mg/kg, IM, q48h, totalizando quatro aplicações), terapia anti-inflamatória e analgésica (fenilbutazona, 4 mg/kg, IV, q8h, durante três dias), limpeza das feridas cirúrgicas com solução clorexidina degermante (2%) e inspeção até a completa cicatrização. A boa seletividade do laser diodo aos cromóforos cutâneos hemoglobina e melanina, permitiu boa precisão cirúrgica e possibilitou a exérese até mesmo de placas papilomatosas e papilomas de maior tamanho, permitindo a execução da técnica com segurança e sem a necessidade de outros procedimentos adicionais para auxílio na hemostasia. A completa cicatrização das lesões foi observada após 21 dias de pós-cirúrgico, não sendo observada recidiva de papilomas durante os seis meses de acompanhamento dos animais. A cirurgia com laser de diodo demonstrou ser uma técnica pouco invasiva, rápida e segura, apresentando-se como alternativa eficaz para a excisão cirúrgica de papilomas cutâneos bovinos.
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