O tratamento de fraturas em animais de produção deve ser considerado uma forma de evitar o seu descarte. A decisão de tratar fraturas em ruminantes é feita após avaliação do valor genético ou econômico do animal, tipo de fratura, sua localização, custo e prognóstico, além disso a correção com fixação esquelética externa (FEE) é um método pouco descrito em ruminantes. Em 22 de setembro de 2017 foi encaminhado para atendimento no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM), um ovino, macho, da raça Hampshire Down, de aproximadamente quatro meses de idade, apresentando histórico de dificuldade de locomoção. Ao exame físico, não foram observadas alterações nos padrões fisiológicos para a espécie, porém no exame físico específico do sistema locomotor foi observada mobilidade alterada, crepitação e dor à palpação na região diafisária tibial esquerda e instabilidade óssea. Foi realizada analgesia epidural com morfina 0,1 mg/Kg e o animal foi encaminhado para avaliação radiográfica, que revelou a presença de fratura de tíbia da porção diafisária oblíqua simples do membro pélvico esquerdo. Realizou-se então procedimento cirúrgico de osteossíntese da tíbia, no qual o animal foi submetido à anestesia geral inalatória e foram introduzidos pinos e FEE tipo II. O protocolo terapêutico estipulado no período pós-cirúrgico foi composto por antibioticoterapia, analgesia e utilização de anti-inflamatório por um período de três dias. O tratamento da ferida cirúrgica foi realizada em intervalos de 48 horas com clorexidine 0,5% e administração tópica de pomada a base de nitrofurazona. Decorridos 28 dias, o animal foi submetido à anestesia epidural para remoção dos pinos. Porém, após esse procedimento houve uma nova fragmentação óssea, sendo assim, o animal foi submetido a um segundo procedimento de osteossíntese, onde foi introduzido um pino intramedular associado ao fixador externo tipo II, visando a melhora da estabilização óssea. Após o novo procedimento o animal recebeu os mesmos cuidados pós-operatórios. Aos 73 dias foi realizado nova avaliação radiográfica, constatando-se completa consolidação óssea da fratura, e sendo efetuada a remoção do aparelho de FEE. O animal recebeu alta médica 5 dias após a remoção, apresentando deambulação adequada, sendo que o sucesso no tratamento pode ser atribuído ao rápido diagnóstico e intervenção cirúrgica, correto plano de tratamento e cuidados intensivos.
Comissão Organizadora
IV CONEB
Comissão Científica