Ocorrência de infecção pelo vírus da Língua Azul em um ovino no município de Santa Maria-RS: relato de caso

  • Autor
  • Luiza Rodegheri Jacondino
  • Co-autores
  • Vicente Salzano Rocha , Henrique Jonatha Tavares , Nathálie Bonotto Ruivo , Camila Blanco Pohl , Nélson Morghado Leite Pucheta , Mateus Argenta Ribeiro , Marta Lizandra do Rêgo Leal
  • Resumo
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    Língua Azul é uma doença infecciosa, não contagiosa e transmitida pelo vetor hematófago do gênero Culicoides (“mosquito-pólvora”). O vírus pode acometer ruminantes domésticos e selvagens. No bovino ocorre a forma assintomática, servindo como reservatório da doença, e no ovino observa-se manifestação clínicas da doença. Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM), no dia 29 de novembro de 2017, um ovino, fêmea, aproximadamente 1 ano e meio, da raça Texel. Na anamnese foi relatado que três dias antes o animal apresentava a cabeça edemaciada, sangue na vulva, dificuldade de locomoção e diminuição do interesse pelo alimento. O animal convivia com outros 16 ovinos da mesma categoria em um piquete com açude próximo, porém foi o único que apresentou os sinais clínicos. No exame físico geral foram constatados os seguintes valores: FC: 168 bpm; FR: 188 mpm; TR: 40,2ºC; MR: 1 em 2’; TPC: <2"; mucosas hiperêmicas (oral, nasal e vulvar). Ao exame específico observou-se edema de face, andar rígido e anorexia. Baseado nos exames associados à história clínica foi estabelecida a suspeita de Língua Azul. Estipulou-se então o tratamento sintomático com uma aplicação de Dipirona 25 mg/Kg IM, 20 mL de Sedacol® IV, 2 mL de Polivitamínico ADE IM, quatro aplicações de Meloxicam 0,5 mg/Kg IM e 3 mL de Catosal® SC. Também realizou-se transferência de suco ruminal. Foi coletada uma amostra de sangue total e enviada para o Setor de Virologia da UFSM para teste de RT-PCR para o vírus da Língua Azul (BTV). O resultado foi positivo, confirmando a suspeita clínica. O animal respondeu bem ao tratamento e recebeu alta médica após 14 dias de internação. É importante ressaltar que, por se tratar de uma enfermidade de notificação obrigatória, foi comunicado o caso a inspetoria veterinária da região. Feito isso, ficou restrito o trânsito de animais em uma área de 150 Km ao redor do foco por um período de 60 dias. O caso, de certa forma, teve repercussão internacional, pois o município de Santa Maria foi barrado de exportar bovinos vivos para a Turquia por dois anos. Diante do grande impacto econômico causado pela doença é importante focar em formas de controle e prevenção baseados em medidas integradas que envolvam o vetor, o hospedeiro e o ambiente. Recomenda-se realizar a tosquia dos ovinos no final da primavera, para que os mesmos tenham uma maior quantidade de lã no verão, época de maior prevalência do mosquito.  Além disso, deve-se evitar áreas ricas em matéria orgânica e eutrofização de aguadas, para controle ambiental e menor propagação do vetor. No Brasil faltam informações precisas no que diz respeito a prevalência da doença, muitas vezes sub-diagnosticada, o que promove um falso cenário de baixa ocorrência. Portanto, devem ser feitos estudos sobre novas formas de controle, como a vacinação, já empregada em outros países.

     

  • Palavras-chave
  • Arbovirose, BTV, Ruminantes, Impacto econômico
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