Ocorrência de carcinoma hepatocelular em bovino

  • Autor
  • Ana Paula Abreu Mendonça
  • Co-autores
  • Joselito Nunes Costa , Carmo Emanuel Almeida Biscarde , Caio Santana Pereira , Darlan Rodrigues Macedo , Luciano da Anunciação Pimentel , José Carlos de Oliveira Filho
  • Resumo
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    O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma neoplasia hepática de caráter maligno, com rara ocorrência em animais de produção. Cursa com sintomatologia inespecífica e sua etiologia em animais ainda não está totalmente elucidada, embora seja comprovado que a aflatoxina é um fator de risco no desenvolvimento da neoplasia. O trabalho relata a morte do primeiro bovino por CHC na Bahia. Uma vaca da raça Girolando de aproximadamente 5 anos de idade, foi encaminhada ao HUMV da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia com queixa de emagrecimento progressivo há um mês e edema de barbela. Segundo o histórico, além da perda de peso, o animal fora encontrado caído na estrada com edema de peito 4 dias antes de sua admissão. No exame físico, o animal apresentava-se ativo, magro, com moderada taquicardia (85bpm), abdômen tenso, ingurgitamento dos vasos da face e veias jugulares, prova de estase e pulso de jugular positivo bilateralmente, secreção nasal muco purulento com presença de estria de sangue, edema da conjuntiva ocular e de barbela. Apesar das provas de dor do reticulo terem sido negativas no exame, a suspeita diagnóstica inicial estabelecida foi de reticulo pericardite traumática. O protocolo terapêutico instituído foi monitoração diária, hidratação intravenosa com solução glicosada a 5%, flunixin meglumine (1,1mg/kg; SID) por via intramuscular (IM), flofernicol (20mg/kg; cada 48 horas; IM), vitamina B1 (20mg/kg; SID; IM). Os achados hematológicos foram: hipoproteinemia (4,2g/dL), hipofibrinogenemia (200mg/dL), trombocitopenia (186.000/?L), neutrofilia (4.644 células/?L) e presença de Anaplasma sp. no esfregaço sanguíneo. O exame de palpação retal revelou no flanco direito, uma estrutura parenquimatosa de superfície irregular com tamanho aumentado e dor á palpação. Assim, pela localização e textura, suspeitava-se que a estrutura em questão se tratava de fígado ou rim.  A dosagem de creatinina (0,77mg/dL) descartou a lesão renal, e hipoproteinemia persistente (4,2g/dL; 5g/dL) fortaleceu a suspeita de comprometimento hepático. Apesar da terapêutica instituída e de notável redução do edema, observou-se deterioração do quadro clínico, optando-se por uma laparotomia exploratória direita. A cirurgia constatou a presença de vários granulomas por todo o fígado, órgão sem brilho, bordos abaulados com erosões e deposição de fibrina na superfície, confirmando uma disfunção hepática. No entanto, o animal morreu durante a síntese da musculatura, sendo então realizada a necropsia, que evidenciou uma massa focalmente extensa e múltiplos nódulos de vários tamanhos no fígado, linfonodos e pulmão. Esses nódulos observados na microscopia, eram formados por células semelhantes à hepatócitos, dispostas em forma de cordões ou em aglomerados, apresentando núcleo redondo com citoplasma eosinofilico a pálido. Assim, semelhante aos relatos na literatura, o diagnóstico de CHC foi realizado post mortem pela necropsia e histopatologia. Com base no seu aspecto macroscópico e microscópico, o CHC foi classificado respectivamente como nodular e sólido. Não foi possível determinar a etiologia da neoplasia nesse caso, contudo, não se deve descartar a possibilidade de aflatoxicose como indutor do CHC, visto o milho ser um constituinte da dieta fornecida ao animal.

     

  • Palavras-chave
  • CHC, vaca, neoplasia hepática, aflotoxina
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