Anaplasmose bovina é uma doença causada pela rickettsia Anaplasma marginale, parasito intraeritrocitário obrigatório. A transmissão ocorre biologicamente pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus e mecanicamente por fômites contaminados e dípteros hematófagos, como os tabanídeos e moscas da subfamília Stomoxydinae. As manifestações clínicas são superaguda, aguda e crônica. É uma enfermidade responsável por elevadas perdas econômicas na bovinocultura de leite e de corte, devida redução na produção, elevada taxa de morbidade e mortalidade, principalmente em animais não imunizados previamente, situação recorrente em algumas regiões do Brasil caracterizadas de áreas de instabilidade enzoótica e também em situações de movimentação de animais dessas áreas para locais de estabilidade enzoótica. Assim, o presente trabalho teve como objetivo relatar um surto de anaplasmose bovina que ocorreu em dezembro de 2017 no município de Maragogipe – BA, região do recôncavo baiano. O setor de Clínica de Grandes Animais do Hospital Universitário de Medicina Veterinária (HUMV) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) foi solicitado para realizar atendimento a uma fazenda no município de Maragogipe-Ba. Durante a anamnese, o proprietário relatou que havia feito a locação da propriedade e introduzido um lote de bovinos da raça Nelore (Bos taurus indicus) provenientes da cidade Rafael Jambeiro-BA, região da caatinga, caracterizada por ser de instabilidade enzoótica para a presença de carrapatos. De acordo com o pecuarista, 60 dias após a chegada dos novos bovinos, alguns animais apresentaram sinais de agressividade, isolamento do rebanho, perda de peso, redução do apetite, fezes ressecadas, prostração, tremores, evoluindo à morte de cinco animais. No exame clínico, seis bovinos apresentaram taquicardia, taquipneia, movimentos ruminais diminuídos, temperatura retal elevada, mucosa ocular ictérica, linfonodos reativos e sinais de desidratação. Além disso, a infestação de carrapatos era perceptível por todo o rebanho. Foram colhidas amostras de sangue para hemograma e realizado esfregaço sanguíneo de ponta da orelha. Todos os exames evidenciaram intensa anemia com sinais de regeneração, processo infeccioso ativo, além da presença de A. marginale em todas as lâminas, confirmando, juntamente com os sinais clínicos o diagnóstico de Anaplasmose. Foi recomendado tratamento para o rebanho com Dipropionato de Imidocarb na dose de 3 mg/kg de peso vivo por via subcutânea, Colosso® pour on 0,1 ml/kg de peso e hidratação. Entretanto, o tratamento não foi realizado como recomendado, resultando na perda de mais animais, totalizando oito óbitos na propriedade. Após o ocorrido os animais foram devidamente tratados eliminando a doença e cessando as mortes do rebanho. Diante disso, conclui-se que os criadores da região do Recôncavo baiano, devem atentar-se ao introduzir animais ao rebanho, principalmente os oriundos de regiões de instabilidade enzoótica. Além disso, nessas situações devem utilizar métodos profiláticos como o uso de vacinas ou quimioprofilaxia, e concomitantemente realizar o controle de carrapatos e dípteros hematófagos.
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IV CONEB
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