Hérnias inguino-escrotais são patologias raras em pequenos ruminantes, sendo estas, formadas a partir da extensão da hérnia inguinal, quando os órgãos abdominais são projetados através da dilatação do anel no escroto. A doença foi descrita em carneiros das raças Merino, Hampshire, Sulffolk, Naimi e por duas vezes foi descrita em fêmeas. Frequentemente, esse tipo de hérnia está ligada à traumas, muito embora um caráter congênito tem sido associado em algumas raças como achados de necrópsia, a hereditariedade da hérnia inguino-escrotal, em ovinos, não é completamente comprovada. Um ovino da raça Dorper, macho, com aproximadamente 2,5 anos de idade deu entrada na Clínica de Grandes Animais do Centro Universitário Cesmac de Marechal Deodoro-AL, com a queixa de que um aumento de volume na região escrotal foi relatado há mais ou menos 15 dias. No exame físico, observou-se uma dilatação do canal espermático esquerdo, o testículo deste mesmo lado apresentava uma compressão por um conteúdo consistente, sem aderência, levemente rotacionado para a região medial e sem alteração de temperatura. O animal apresentava ainda uma diminuição na frequência e quantidade de fezes. O testículo contralateral possuía uma consistência fisiológica e estava livre durante a palpação. O exame ultrassonográfico revelou estrutura tubular apresentando estratificação de parede, conteúdo hiperecogênico, apresentando discreta motilidade, imagem esta, compatível com alça intestinal. Durante o exame andrológico o animal apresentou bom libido, porém não respondeu bem ao uso da vagina artificial, não obtendo ejaculado para avaliação espermática. Durante o procedimento de herniorrafia inguino-escrotal, após a MPA e manutenção anestésica via inalatória, uma incisão e divulsionamento na região inguino-escrotal detectou conteúdo herniário com segmentos de alça intestinal dentro da túnica vaginal. O anel inguinal estava enlarguecido, medindo aproximadamente 8cm de diâmetro. A túnica vaginal foi aberta, o conteúdo foi reduzido à cavidade e o testículo esquerdo que estava rotacionado em cerca de 180°, foi retirado com auxílio de emasculador. A decisão pela retirada do testículo se deu através da necessidade de grande área de fechamento do anel inguinal, reduzindo assim as chances de recidiva de herniação. O anel herniário foi fechado com padrão simples embricado, usando fio polipropileno n°0, tomando-se o cuidado de deixar passagem para a ártéria inguinal esquerda. Após abolição do espaço morto e dermorrafia, o animal levantou-se prontamente, voltando a se alimentar. A recuperação total do animal se deu em 10 dias de pós operatórios através do uso de antibióticoterapia com 1,6 mg/kg de Ceftifur e 1,5 mg/kg de Flunixin meglumine. O testículo retirado durante o procedimento cirúrgico foi encaminhando para histopatologia, não sendo encontrado sinais de degeneração testicular.
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