Amputação de membro em animais de produção não é uma prática rotineira devido ao valor econômico, peso dos animais e à prolongada recuperação pós-cirúrgica. Entretanto, atualmente há cada vez mais estudos demonstrando a eficácia da amputação de membro em animais de produção, portando a decisão de amputação de um membro deve ser bem avaliada e ponderada, tendo em vista, principalmente, minimizar o sofrimento do animal e impedir sua eutanásia e diminuir as perdas econômicas para o produtor rural. Em alguns procedimentos como fratura aberta cominutiva de ossos longos e osteomielite, necrose isquêmica, infecções ortopédicas intratáveis, deformidades congênitas e neoplasias, a amputação do membro é considerada a melhor opção para tratamento do animal. Deu entrada no hospital veterinário, um bovino, fêmea, neonato (onze dias de nascido), pesando 30 Kg, com histórico de traumatismo no membro torácico esquerdo, apresentando claudicação e sem apoiar o membro afetado no chão, há mais ou menos dois dias. Ao exame físico, o animal apresentava-se alerta, mucosas de coloração rosa claro e estado nutricional bom. O membro afetado apresentava em sua porção medial, a altura de metacarpo, uma lesão profunda, edemaciada e avermelhada, com aumento da temperatura e sensibilidade dolorosa mediante a palpação, além de presença de secreção serosanguinolenta e sujidades. Mediante realização de exame radiográfico, foi constatada uma fratura em porção medial de metacarpo e alterações radiográficas que sugeriam uma osteomielite, sendo assim indicada a amputação de parte do membro. O procedimento cirúrgico foi realizado com o animal em decúbito ventral e após antissepsia pré-operatória rotineira, realizou-se a incisão próxima à porção média do metacarpo e divulsão do tecido subcutâneo. Inicialmente buscou-se preservar pele, tendões e musculaturas adjacentes com um auxílio do afastador de periósteo até que houvesse a exposição da articulação. Devido à necrose e contaminação óssea da região, após hemostasia preventiva de grandes vasos optou-se pela amputação com desarticulação na altura do carpo. Posteriormente seguiu-se com a escarificação da articulação e os tecidos moles adjacentes foram suturados com o padrão simples contínuo sobre a articulação para acolchoamento. A pele foi suturada com padrão Wolf utilizando nylon 0.60, sendo em seguida realizada bandagem compressiva no coto. No pós-operatório instituiu-se terapia antibiótica (Ceftiofur: 1,4 ml, IV, dez dias), anti-inflamatória (Maxican: 0,75 ml, IV, seis dias/ Dexacort: 1,2 ml, IV, três dias) e analgésica (Morfina 0,3 ml, IM, dois dias/ Dipirona 1,5 ml, IV, três dias), além de limpeza diária do curativo e bandagem compressiva. Na evolução cirúrgica ocorreu uma fistulação com secreção na porção caudal a incisão, que dificultou a cicatrização e dermorrafia. Após dois meses o animal estava adaptado, apresentando boa cicatrização o que culminou em sua alta. Segundo o proprietário a bezerra apresenta-se bem e adaptada apesar da ausência de prótese. Destaca-se que em casos de amputações o prognóstico a curto prazo é bom, evitando-se a eutanásia do animal. A amputação neste caso foi considerada uma alternativa viável para engorda e abate do animal em um peso satisfatório.
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