A dictiocaulose é uma broncopneumonia parasitária causada pelo Dictyocaulus viviparus que leva a prejuízos aos rebanhos, com maior frequência e gravidade em animais jovens. Este trabalho tem como objetivo relatar casos de broncopneumonia parasitária em bovinos no estado de Alagoas. Em Julho de 2017 foi realizado um atendimento a uma propriedade de bovinos de corte no município de Paulo Jacinto – AL, localizado na região de zona da Mata, o rebanho era composto por 150 animais da raça Nelore, com histórico de óbitos de 13 animais, sendo 6 bezerros e 7 vacas. Foram avaliados 8 animais, entre 6 meses a 1 ano de idade. Ao exame clínico constatou-se animais magros, mucosas hipocoradas, dispneia mista, secreção nasal serosa, a ausculta pulmonar havia áreas de crepitação e sibilos, em um deles foi observado edema submandibular. Foram coletadas amostras de fezes e encaminhadas ao Laboratório de Doenças Parasitárias, Unidade Educacional Viçosa -UFAL. Exames parasitológicos revelaram que 50% das amostras avaliadas pelo método de Baermann-Moraes, apresentaram larvas de D. viviparus, sendo encontrado entre 4 e 24 larvas por grama de fezes e 500 a 4.900 OPG da superfamília Trichostrongyloidea. Diante do resultado, recomendou-se administrar Levamisol (7,5 mg/kg) no rebanho. Após 20 dias, uma fêmea com 6 meses de idade, a mais debilitada, foi encaminhada in extremis e eutanasiada. Na necropsia observou-se mucosas pálidas, secreção nasal mucosa e escaras de decúbito. No exame interno presença de D. viviparus na traqueia e pulmão, enfisema, congestão e edema pulmonar. Úlceras na mucosa do abomaso, edema intramural e congestão no intestino delgado. Após 15 dias, 4 animais apresentaram feridas e edema acima da borda coronária, e recomendou-se administração de antibiótico e anti-inflamatório, porém, durante o manejo para aplicação da medicação dois animais morreram subitamente. Estes foram encaminhados ao Hospital Veterinário Universitário da UFAL, para realização de necropsia. Encontrou-se nestes mucosas cianóticas e distensão acentuada abdominal, no pulmão áreas focalmente extensas avermelhadas e firmes que ao corte se aprofundavam ao parênquima e drenava pus, na traqueia mucosa congesta com conteúdo espumoso no lúmen, abomaso mucosa congesta, espessada e brilhante e evidenciação das placas de peyer, na luz intestinal havia parasitas, sugestivos de Moniezia spp. Em um dos animais observou-se no parênquima pulmonar D. viviparus. Os fragmentos dos órgãos foram encaminhados ao laboratório de Patologia Animal da UFCG, para realização de exames histopatológicos, onde notou-se pleuropneumonia eosinofílica e linfoplasmocítica moderada, difusa e crônica com atelectasia, no intestino delgado observou-se enterite eosinofílica e linfoplasmocítica. Os achados clínicos, laboratoriais, necropsia e histopatológicos, auxiliaram na determinação do diagnóstico de broncopneumonia verminótica pelo D. viviparus, as condições ambientais, marcadas pelas intensas chuvas na região, associado ao não uso de vermífugos no rebanho podem ter ocasionado casos graves da enfermidade. O estresse provocado pelo manuseio dos animais durante a administração de medicamentos pode ter precipitado a morte uma vez que foi constatado um extenso dano ao parênquima pulmonar daqueles que morreram subitamente.
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