A cetose é uma doença metabólica que acomete bovinos e resulta em impactos importantes no metabolismo do animal com consequente queda de desempenho. Vacas durante o período periparto, também conhecido como período de transição e, podem apresentar déficit de energia. Animais neste estado realizam significativa mobilização de gordura, com consequente produção de corpos cetônicos, na tentativa de suprir a demanda de mantença e compensar a menor ingestão de energia que ocorre neste período devido as alterações metabólicas e hormonais. A cetose caracteriza-se como uma doença silenciosa, por isso, a maioria dos técnicos e proprietários desconhece a sua prevalência nos rebanhos e, consequentemente, os impactos dessa patologia tendem à serem altos. Por outro lado, a forma clínica da doença, provoca rápida perda de escore corporal, queda no desempenho, fezes secas, anorexia e, eventualmente, sinais nervosos, quando a concentração de corpos cetônicos nos fluídos corporais é elevada. Em sistemas de gado de corte no Brasil, pouco se fala sobre este distúrbio e seus prejuízos, talvez por isso, não exista a cultura de monitorá-lo nos rebanhos nacionais. Com intuito de avaliar a prevalência de corpos cetônicos em bovinos de corte da raça Nelore, realizou-se um procedimento experimental com 104 vacas primíparas Nelore, que ficaram aproximadamente quatro meses sem bezerro ao pé, oriundas de um sistema extensivo localizado no estado de Minas Gerais. Os animais eram submetidos a um manejo nutricional a base de pastagem Brachiaria sp., suplementação com mistura mineral e água à vontade. A concentração de corpos cetônicos de todos os animais foi mensurada pelo método de diagnóstico eletrônico rápido a campo utilizando o aparelho portátil Ketovet® (KetoVet Brazil, Taidoc Technology, Taiwan). A coleta foi padronizada para ser feita no momento em que os animais fossem manejados no curral, não havendo interferência ou alteração da rotina. Logo após a colheita de uma gota de sangue da veia ou artéria coccígea, esta foi colocada na tira reagente teste para beta-cetona inserida no aparelho portátil Ketovet®. A reação do beta hidroxibutirato presente no sangue com a tira de teste produz uma corrente elétrica que é medida pelo aparelho e exibida no monitor em exatamente 5 segundos. O equipamento estava padronizado para determinação da mensuração de beta hidroxibutirato, tanto em sangue venoso quanto de capilar, expressando os valores analíticos de 0 a 8,0 mmol/L. Considerou-se como clinicamente normal, o animal que apresentou concentração molar de corpos cetônicos igual ou inferir que 1,1 mmol/L. Já cetose subclínica, aqueles com concentrações igual ou maior que 1,2 mmol/L e clínica animais com sinais clínicos concentrações igual ou maior que 1,2 mmol/L. Além da dosagem da concentração de corpos cetônicos, os dias pós-parto e o escore da condição corporal foram registradas em planilhas no excel para análises posteriores. Não foi observado ocorrência de cetose clínica. A taxa geral de prevalência para cetose subclínica foi de 15,4% (16/104) no rebanho estudado. As demais vacas avaliadas 84,6% (88/104), apresentaram valores iguais ou inferiores a 1,1 mmol/L, sendo consideradas normais. O valor médio para vacas com cetose subclínica foi de 1,56 mmol/L, desvio padrão (SD) de 0,38 e coeficiente de variação (CV) de 25%. O valor médio do rebanho para escore de condição corporal (ECC) foi de 2,5 (escala de 1 a 5), com SD de 0,24 e CV de 10%. Sendo assim, os dados demonstram que existe a ocorrência de cetose subclínica em vacas de corte da raça Nelore, e que mais estudos devem ser realizados.
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