Polioencefalomalacia é uma enfermidade neurológica, não infecciosa, que acomete os ruminantes, observada histologicamente como uma necrose neuronal grave que acaba resultando no amolecimento da substância cinzenta do cérebro. Pode ser causada por: alterações no metabolismo da tiamina, associadas a dietas ricas em concentrado, ingestão de análogos da tiamina; ingestão de vegetais contendo tiaminases; intoxicação por enxofre; intoxicação por cloreto de sódio associada a privação de água; e intoxicação por chumbo. Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (HVU-UFSM), um ovino, macho, de aproximadamente 60 dias de idade, SRD, com 25 kg. Na anamnese foi relatado que a dieta era composta por campo nativo com suplementação de altas quantidades de grão de milho. O proprietário relatou ausência de interesse por alimento e pequenas mudanças no comportamento do animal, evoluindo para incoordenação motora, opistótono permanente e, poucas horas depois, não conseguia manter-se em estação. Ao exame clínico geral foram encontrados os seguintes valores: FC: 96 bpm, FR: 92 mpm, TR: 39,9ºC, TPC: >2”, MR: 1 em 2’ e mucosas hiperêmicas. Ao exame específico do sistema nervoso o animal apresentava depressão, bruxismo, movimentos de pedalagem, estrabismo dorsal, opistótono permanente, além de diminuição no reflexo de ameaça e propiocepção. O hemograma apresentou leucocitose por neutrofilia e presença de neutrófilos hipersegmentados. Com base nos achados clínicos e exames complementares as suspeitas clínicas de cenurose e polioencefalomalacia foram estabelecidas, sendo a cenurose descartada após exame radiográfico da cabeça. O tratamento adotado foi baseado na administração de Tiamina na dose de 20 mg/Kg associada a Dexametasona 0,2 mg/Kg diluídas em 200 mL de solução fisiológica (NaCl) por via intravenosa lenta, a cada 5 horas; e concomitantemente, 5 mL de solução de Manitol a 20% diluída em 200 mL de glicose a 5%, pois tem-se postulado que a administração de Manitol, assim como a Dexametasona, auxilia na redução do edema cerebral. Após 4 dias do início do tratamento o animal apresentou melhoras significativas, com o desaparecimento do opistótono e conseguindo manter-se em estação, porém apresentando episódios de movimentos circulares. Decorridos 3 dias de terapia o paciente expressou aumento no seu apetite e diminuição dos movimentos circulares, recebendo alta médica. A resposta positiva à terapia com desaparecimento gradativo dos sinais clínicos confirmou o diagnóstico de polioencefalomalacia. É de suma importância ressaltar que a instituição do tratamento logo após o aparecimento dos primeiros sintomas fez com que o quadro clínico fosse solucionado em um curto período de tempo. Foi realizado o cálculo correto de suplementação com concentrado para cada categoria animal e indicado ao proprietário que alterasse o manejo alimentar do rebanho, evitando assim o aparecimento de novos casos. Em posterior conversa com o mesmo, decorridos 15 dias da liberação do animal, foi mencionado que o animal manteve-se bem e não houve constatação de novas ocorrências.
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IV CONEB
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