A pecuária de corte brasileira desenvolveu-se por meio da expansão da fronteira agrícola e pela utilização de terras esgotadas pela agricultura contribuindo de forma decisiva, desde os tempos coloniais para a ocupação do território brasileiro. Os bovinos da raça nelore (Bos taurus indicus) tiveram origem na Índia ocidental, e está presente na maioria do rebanho nacional em quase todos os cruzamentos para a aptidão carne tendo como principal motivo sua excelente capacidade de adaptação e rusticidade. A adaptabilidade dos animais é possível de ser mensurada pelos parâmetros tais como frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e temperatura corporal (TC). Para isso faz-se necessário conhecer valores de referência e a partir destes determinar se houve adequação dos animais às condições climáticas a que foram submetidos. Estes valores de referência são fundamentais para estabelecer no exame físico limites entre o estado de saúde e a doença. Ainda assim alguns parâmetros clínicos que são utilizados como referência em livros textos de clínica e semiologia, são baseados em dados de animais de outras raças e criados em condições climáticas bem diferentes das nossas. O presente trabalho foi realizado na Fazenda Experimental do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, situado na cidade de Cruz das Almas-Ba. A cidade tem um clima considerado tropical quente e úmido com pluviosidade média anual entre 800 e 1400 mm, temperatura média anual de 24,5ºC e umidade relativa do ar de aproximadamente 80%. Foram utilizados 20 bezerros, de ambos os sexos da raça Nelore nos quais foram mensuradas as frequências cardíacas, respiratória e de movimentos ruminais, além da temperatura retal. As colheitas foram divididas em momentos de 1 a 9, em que o momento 1 (M1) corresponde a primeira avaliação que ocorreu 48 horas após o nascimento, o (M2) 7 dias, (M3) 15 dias, (M4) 30 dias, (M5) 60 dias, (M6) 90 dias, (M7) 120 dias, (M8) 150 dias e o (M9) 180 dias. As mensurações eram sempre realizadas pela manhã e os animais mantidos em sistema de criação semi-intensivo. Os resultados obtidos para a variável frequência cardíaca/minuto foram: M1- 133± 17,2; M2- 133±11,9; M3- 120±16,2; M4- 114±25,3; M5- 96±13,7; M6- 84±10,4; M7- 76±7,8; M8- 75±18,1; M9- 78±18,3. Para a variável frequência respiratória/minuto foram obtidos os seguintes resultados: M1- 46±12,6; M2 - 48±13,2; M3- 44±13; M4- 35±5,3; M5- 34±5,6; M6- 35±9,8; M7- 33±7,7; M8- 32±5,3; M9- 26±6,4. Para a variável temperatura retal os resultados foram: M1- 39±0,55; M2- 39,3±0,38; M3- 39,2±0,4; M4- 39,1±0,9; M5- 39,3±0,44; M6- 39±0,49; M7- 38,6±0,65; M8- 39,1±0,45; M9- 38,3±0,79. O início da movimentação ruminal, completa e significativa, ocorreu a partir de 30 dias de idade alcançando a média de 2 movimentos em 2 minutos de auscultação em todos os animais até o fim do experimento. Neste trabalho, observaram-se valores superiores de medias de frequências cardíaca e respiratória, quando comparados a valores de referência estabelecidos para bezerros jovens, sobretudo de raças europeias. Desta forma podemos concluir que deve- se considerar as variáveis climáticas e a resposta fisiológica de homeostase entre raças, mesmo que estas sejam mais adaptadas, no momento do exame físico, pois podem ocorrer discrepâncias nos parâmetros para as frequências cardíaca e respiratória estabelecidos pela literatura internacional. Os resultados obtidos contribuem para o estabelecimento de parâmetros de normalidade para posteriores avaliações clínicas de bezerros da raça Nelore, na mesma região ou em outros locais com condições climáticas semelhantes.
