A polioencefalomalácia é a descrição de uma alteração morfológica do encéfalo que consiste na necrose com amolecimento (malácia) da substância cinzenta (pólio) tendo como principais causas a deficiência de tiamina, intoxicação por enxofre, meningoencefalite por herpesvírus bovino tipo 5 (BoHV-5), intoxicação por sal associada a privação por água, intoxicação por chumbo, intoxicação por plantas que produzem tiaminases, e intoxicação pelo amprólio .As principais alterações clínicas evidenciadas nos animais com polioencefalomalácia consistem em ataxia, cegueira, disfagia, depressão, decúbito, nistagmo, acompanhados de tremores musculares, bruxismo, movimentos de pedalagem, opistótono e coma. O objetivo deste trabalho foi relatar a ocorrência de dois casos de polioencefalomalácia em caprinos atendidos pelo setor de Clínica de Grandes Animais do Hospital Universitário de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no município de São Domingos-Ba. O proprietário relatou que durante a ordenha, observou que o animal 1 apresentou sinais de cegueira sendo encontrado posteriormente em decúbito lateral. O animal 2 já foi encontrado em decúbito lateral e que após levantar-se com ajuda, tinha movimentos incoordenados com dificuldade de manter-se em estação, apresentava sinais de cegueira, e voltou a ficar em decúbito lateral no mesmo dia. Relatou ainda que por conta da escassez de alimento advinda do grande período de estiagem na região, havia inserido recentemente alimentação concentrada rica em farelo de milho, como fonte de suplementação alimentar, para os animais do rebanho. No exame clínico do animal 1, o mesmo foi encontrado em decúbito lateral, com distensão da fossa paralombar esquerda denotando um quadro de timpanismo ruminal e com alterações neurológicas como opistótono, movimentos de pedalagem, cegueira, nistagmo e midríase. No exame clínico do animal 2, o mesmo apresentava-se em decúbito lateral, com bruxismo, cegueira, opistótono, movimentos de pedalagem e espamos musculares. No exame físico, ainda apresentou taquipnéia, taquicardia, ausência de movimentos ruminais na auscultação e temperatura corporal elevada. Foi prescrito tratamento para ambos com Vitamina B1 na dose de 10 mg/kg 3 vezes ao dia e Dexametasona na dose de 0,1 mg/kg uma vez ao dia, ambos por via intravenosa. O animal 1 manteve-se em estação e apresentou melhora do quadro, com regressão do timpanismo e retorno dos movimentos ruminais; houve redução das alterações neurológicas com retorno da visão e resposta ao reflexo de ameaça. O animal 2 porém não apresentou resposta a terapia instituída. Devido a severidade do quadro, ambos vieram a óbito em menos de 24 horas do início do tratamento. Falta aqui os achados macroscópicos, e se for o caso mais detalhes da microscopia. Após necropsia e análise histopatológica o diagnóstico de polioencefalomalácia foi confirmado pela presença em córtex cerebelar de necrose neuronal laminar, acompanhada de edema perineuronal, satelitose, dilatação do espaço de Virchow-Robin e tumefação de células endoteliais, sendo importante ressaltar a ausência de processo inflamatório evidenciando se tratar de uma doença degenerativa não inflamatória. Tendo em vista os dados obtidos na anamnese, exames clínicos e achados histopatológicos pode –se diagnosticar a polioencefalomalácia.
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