A poliartrite séptica ocorre em animais domésticos como a principal consequência de onfaloarterite, mais precisamente quando há incorreta cura do umbigo podendo ou não estar associada a falha na transferência de imunidade passiva, que torna o animal predisponente à enfermidade nos primeiros 30 dias de vida. O objetivo desse trabalho é relatar o tratamento do poliartrite séptica decorrente de onfalopatia por erro de manejo sanitário na cura de umbigo. Foi atendido no Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli, Aracaju-SE, um ovino, macho, de 15 dias de idade, proveniente da cidade de Salgado-SE. O proprietário relatou que o animal estava apático, com dificuldade de manter-se em estação e apresentando uma lesão na região umbilical. Não foi observada a ingestão do colostro e não foi feita a cura do umbigo. O animal apresentava decúbito lateral permanente, sendo constatado um aumento de volume flutuante na região da articulação radio-cárpica esquerda, com temperatura local elevada e sensível a palpação. A articulação metatarso-falangeana esquerda também apresentava aumento de volume, porém em menor grau. Na região umbilical, notou-se secreção purulenta e laceração de pele com presença de miíase. Resultados de hemograma mostraram discreta anemia normocítica hipocrômica, leucocitose com desvio nuclear à direita, hiperproteinemia e hiperfibrinogenia. O exame radiográfico demonstrou área de comprometimento da cápsula articular. Para o tratamento da ferida no umbigo, fez-se a remoção das larvas, debridamento de tecido necrosado, limpeza com clorexidina degermante e água corrente, aplicação de iodopovidona como antisséptico e pomada antibiótica a base de penicilina, colocação de um curativo na região umbilical, e aspersão ao redor com spray anti-mosca. A limpeza e curativo foram repetidos por sete dias. Para acelerar a cura e cicatrização, foi feito um segundo protocolo de tratamento associando a pomada antibiótica à terramicina em pó e aplicada sobre a lesão duas vezes ao dia por mais quatro dias. Enquanto o animal não reestabelecia suas funções motoras, foi colocado em uma caixa de plástico acolchoada, trocando o decúbito de forma constante a fim de evitar a formação de escaras. Também foi utilizada talas de PVC nos membros afetados por vinte dias, trocadas a cada 72 horas para reajuste e colocação em maca suspensa durante os primeiros dias. Em associação, iniciou-se 10 dias de tratamento com ceftiofur (IM, SID). Na articulação com maior comprometimento foi feita a lavagem articular com solução fisiológica e antibiótico gentamicina, em seguida infundido o soro com amicacina. O protocolo terapêutico sistêmico consistiu na administração de flunixina meglumina, penicilina, gentamicina e meloxicam, além de suplemento vitamínico, alimentação a base de leite e oferecimento de capim. Após os dez dias ajustaram-se as doses pelo ganho de peso do animal, e foi dado alta ao paciente. Três semanas após retirou-se a tala e o membro voltou ao seu eixo normal, com sequela de rigidez pela anquilose. Conclui-se que o tratamento descrito objetivando a supressão do microrganismo causador da doença, com a lavagem intrarticular e remoção dos produtos danosos da inflamação sinovial e a fibrina, associada à antibioticoterapia sistêmica, se mostrou eficiente no controle da onfalopatia bem como da artrite séptica associada.
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IV CONEB
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