Combretum glaucocarpum (Thiloa Glaucoparca), conhecida popularmente como “sipaúba” ou “vaqueta”, é uma planta nefrotóxica de interesse pecuário, amplamente distribuída na região Nordeste do país. Ela causa uma enfermidade em forma de surto no início das estações chuvosas, designada pelos nomes populares de “popa-inchada”, “venta-seca”, “mal-da-rama” ou “mal-da-rama-murcha” e apresenta clinicamente edemas subcutâneos, sobretudo na parte posterior da coxa, períneo, escroto e por vezes se estendendo por toda a parte ventral do abdome, tórax e barbela. O presente trabalho tem como objetivo relatar dois surtos por Combretum glaucocarpum em bovinos no município de Barra, região Oeste da Bahia, Brasil. O primeiro surto ocorreu em novembro de 2016, com a morte de 33 bovinos, que apresentaram apatia, anorexia, anúria/oligúria, constipação, edemas na região de membro posterior e barbela, de evolução variável, ocasionalmente edema de vulva e hematoquezia. Já o segundo, ocorreu em dezembro de 2017, com a morte de quatro bovinos, os quais apresentaram apatia, anorexia, fraqueza, desidratação, edema de membros e barbela, ausência de fezes e urina. A evolução do quadro em ambos os casos variou de dois a sete dias, observados após a introdução dos bovinos em áreas com predomínio da planta e o início das primeiras chuvas, que ocorreram de forma intercorrente. Foi realizada a necropsia de dois animais, um em cada surto, que apresentaram sinais clínicos parecidos aos que vieram a óbito. As lesões macroscópicas foram semelhantes em ambos os casos, caracterizadas por edemas de subcutâneo e hidropericárdio. Os rins estavam aumentados de volume, com palidez, superfície subcapsular levemente granular e com áreas multifocais avermelhadas discretas. Ao corte havia áreas avermelhadas da cortical à medular. No bovino do primeiro surto havia também ascite e hidrotórax. Microscopicamente as lesões significativas afetavam os rins, caracterizadas por áreas multifocais de moderada degeneração e necrose do epitélio dos túbulos proximais, alguns desprovidos de células, com cilindros granulosos, associadas as áreas de regeneração tubular. Havia também cilindros hialinos na luz de túbulos da região corticomedular, além de fibrose e infiltrado linfoplasmocitário intersticial discreto. O predomínio da planta na área de pastagem, a evidência de ingestão e o início dos sinais clínicos após as primeiras chuvas intercorrentes associados às lesões macro e microscópicas, foram determinantes para o diagnóstico de intoxicação por Combretum glaucocarpum nos rebanhos. Não há tratamento efetivo e como profilaxia recomenda-se a remoção dos animais de áreas com a planta após o início das primeiras chuvas. Contudo, verifica-se que o mesmo não está sendo feito, justificando a prevalência da enfermidade na região.
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