Froelichia humboldtiana, popularmente conhecida por ervanço, tem sido relatada, como responsável pelo aparecimento de casos clínicos de fotossensibilização primária em equídeos, ovinos e bovinos. Esta enfermidade cursa com fotodermatite em animais que ingerem plantas contendo agentes fotodinâmicos, no qual são absorvidos rapidamente pelo trato gastrintestinal, ingressando na corrente sanguínea e sendo depositado na pele, sem provocar nenhuma alteração na função hepática. Ao contato com raios solares, sobretudo nas áreas despigmentadas, promovem sensibilização cutânea, desencadeando dano celular, além da liberação de histamina causando edema tecidual e morte celular local. O presente trabalho tem como objetivo relatar um surto de fotossensibilização primária por Froelichia humboldtiana em bovinos no Sudeste da Bahia. O surto ocorreu no mês de janeiro de 2016. De um rebanho de 309 bovinos de corte, 25 foram acometidos (8%), entre machos e fêmeas, de diferentes faixas etárias, principalmente entre um e três anos de idade. A alimentação era realizada com feno e silagem até meados de novembro de 2015. Após as primeiras chuvas, os animais foram soltos no pasto composto de capim buffel (Buffel gras), invadido por F. humboldtiana. Os sinais clínicos foram observados duas semanas após a introdução na área invadida pela planta, caracterizados por agitação e prurido intenso. As lesões da pele variavam de eritema, edema, ulceração, necrose e desprendimento da epiderme predominantemente na região lateral do tronco, entre a cavidade torácica e abdominal, membros e base da cauda. Dos animais acometidos, selecionaram-se cinco bovinos com lesões mais graves para avaliação bioquímica da função hepática, analisando as atividades séricas das enzimas gamaglutamiltransferase (GGT), aspartato-aminotransferase (AST) e as concentrações de bilirrubina total, direta e indireta, onde foi observado valores dentro dos limites de normalidade para espécie. O diagnóstico de fotossensibilização primária por F. humbolditiana foi baseado nos achados clínico-epidemiológicos e nos resultados da bioquímica sérica. Em 10 animais as lesões foram mais discretas, e apenas a retirada do pasto foi suficiente para melhora do quadro clínico, em duas semanas. Os outros 15 bovinos apresentaram lesões mais severas, em que além da retirada do pasto foram mantidos em áreas cobertas e realizada a limpeza das feridas com água e sabão, administração tópica de antibiótico e repelente, além de dexametasona, 1mg/kg de peso vivo, por cinco dias, observando recuperação em aproximadamente um mês. Conclui-se que a fotossensibilização primária causada pela Froelichia humboldtiana é uma importante causa de dermatopatias em bovinos e deve ser considerada no diagnóstico diferencial nas regiões onde tem a presença da planta.
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