Úlcera de abomaso tipo IV com perfuração de diafragma associada à acidose ruminal em ovino no oeste da Bahia, Brasil

  • Autor
  • Kaíque Pires Moura da SILVA
  • Co-autores
  • Aianne da Costa SILVA , Jaine Mendes LOPES , Maria Jussara Rodrigues do NASCIMENTO , Gian Libânio da SILVEIRA , Antônio Flávio Medeiros DANTAS , Alonso Pereira SILVA FILHO , Maria Talita Soares FRADE
  • Resumo
  • As causas da úlcera do abomaso em pequenos ruminantes ainda não estão caracterizadas definitivamente, porém sabe-se que é multifatorial e similares aos bovinos. Podem ser úlceras pépticas, quando ocorre comprometimento da barreira mucosa de proteção, devido a mudança alimentar e ambiental, uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroidais, fornecimento apenas de concentrados (acidose ruminal); e não pépticas, por processos inflamatórios necróticos, quer seja por traumas de corpo estranhos, micoses, neoplasias e parasitas (Haemonchus contortus). Os sinais clínicos em ovinos são similares aos vistos em bovinos e caracterizam-se por dor abdominal, rumenite, melena, mucosas pálidas ou hipocoradas, e a gravidade da sintomatologia dá-se pela severidade da lesão, classificadas em quatro tipos (I, II, III e IV), de acordo com a extensão e profundidade da úlcera. O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de óbito em decorrência de úlcera de abomaso tipo IV com perfuração de diafragma e peritonite, associada à acidose ruminal. Foi encaminhado para necropsia na Universidade Federal do Oeste da Bahia, um ovino, macho, jovem, sem raça definida, que apresentou, segundo o proprietário, distensão abdominal, anorexia e conteúdo espumoso pela boca e duas horas antes da morte apresentou respiração ofegante. Foi informado ainda que era ofertado apenas grão de milho inteiro como alimentação. Macroscopicamente observavam-se mucosas cianóticas e aumento de volume abdominal. Na cavidade abdominal havia quantidade discreta de conteúdo líquido enegrecido, fétido e milho particulado livre e aderido na superfície peritoneal. Evidenciou-se perfuração do abomaso de aproximadamente cinco centímetros. Havia também múltiplas perfurações no diafragma, variando de 3 a 5 cm de diâmetro. O abomaso apresentava-se com conteúdo vermelho enegrecido, com múltiplas ulcerações na mucosa, variando do tipo I ao IV. As úlceras tipo IV variavam de 3 a 5 cm de extensão. No rúmen havia grande quantidade de grãos, inteiros e particulados, e líquido ruminal de coloração verde leitosa, além de múltiplas sacolas. Na avaliação do pH por fita do kit, evidenciou-se pH de 4,5. Após remoção do conteúdo, observou-se mucosa avermelhada e com desprendimento, principalmente na região de saco ventral, e lâmina própria adjacente discretamente avermelhada. Na cavidade torácica havia discreta quantidade de conteúdo semelhante ao descrito na cavidade abdominal. Havia moderada quantidade de conteúdo espumoso na traqueia e brônquios, que fluía ao corte do pulmão, característico de edema. Os pulmões apresentavam-se ainda não colapsados, pesados e brilhantes, com áreas avermelhadas na superfície pleural. Microscopicamente, na mucosa do rúmen e omaso observou-se moderada e difusa degeneração hidrópica das células epiteliais. Havia ainda áreas multifocais a coalescentes de necrose subepitelial associada à discreto infiltrado inflamatório neutrofílico. Com base nos dados apresentados, conclui-se que o manejo nutricional inadequado foi o principal fator predisponente para o quadro de acidose ruminal, o que desencadeou as úlceras de abomaso. A adoção de práticas de manejo alimentar adequado é fundamental para prevenir a ocorrência desta enfermidade.

  • Palavras-chave
  • Abomasopatias, manejo nutricional inadequado, distúrbios digestivos.
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