Surto de Eimeriose em Caprinos da raça Canindé e Repartida no Município de Petrolina-PE
Outbreak of Eimeriosis in Goats of the Repartida and Canindé breed in the city of Petrolina – PE
A eimeriose ou coccidiose é uma infecção causada por protozoários do gênero Eimeria, afetando principalmente o trato intestinal dos animais domésticos e selvagens, tendo como principais manifestações clínicas a diarreia, perda de peso e retardo no crescimento. Em caprinos, a doença foi observada em diversos sistemas de criação no Brasil. A forma infectante é o oocisto eliminado juntamente com as fezes, sendo assim, a infecção ocorre após a ingestão de oocistos esporulados, presentes na água ou alimentos contaminados. A eimeriose clínica somente ocorre se o hospedeiro for submetido à infecção maciça ou se sua imunidade estiver baixa. Essa enfermidade é um importante fator limitante para a criação destes animais em todo o Brasil, podendo acarretar perdas econômicas como a diminuição da produção e até mesmo a morte. Tendo em vista todos estes importantes fatores, o relato do surto em questão ocorreu no laboratório de Exigência e Metabolismo Animal, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, campus Ciências Agrárias. Entre os meses fevereiro e março de 2018, o referido setor recebeu um rebanho composto por 22 cabritos da raça Canindé e Repartida, com idade entre 1 a 2 meses, provenientes da Embrapa Semiárido, oriundos da condição de desmame precoce e regime de confinamento. Por volta do dia 17 de fevereiro, começaram a apresentar sinais clínicos característicos de infestação por Eimeria. Os animais mais jovens e menos adaptados a alimento fibroso e concentrado começaram a apresentar redução no consumo de alimento, fezes pastosas a diarreicas, desidratação e apatia. No dia 20 de fevereiro foram coletadas as fezes de um dos animais para realização de exame de OPG, sendo observado ao exame uma alta parasitemia, com predominância para Eimeria com 54.000 ovos por grama de fezes. Neste mesmo dia o animal veio a óbito, sendo realizada no dia seguinte a necropsia, onde foram observadas úlceras de rúmen. Foi visto ainda espessamento da mucosa, edema e hiperemia de intestino delgado. No dia 23 de fevereiro os animais foram medicados com albendazol - VO, modificador orgânico - SC e cipermetrina 6% - pour on, para controle de verminose, modificar a microbiota e tratar os piolhos respectivamente, ocorrendo o óbito de outros 2 animais dois dias após a aplicação destes. Entre os dias 27 e 28 de fevereiro alguns animais apresentaram diarreia forte e apatia severa, realizando-se ao dia 1º de março o exame de OPG em todos os animais que permitissem a coleta, tendo em vista a condição liquefeita das fezes de alguns deles, cujo resultado demonstrou uma alta infestação por oocistos de Eimeria, com carga parasitária mínima de 9.000 oocistos por grama de fezes e uma carga parasitária máxima de 500.000 oocistos por grama de fezes. Foi realizada suplementação vitamínica com polijet injetável nos dias 2 e 3 de março, realizou-se restrição de capim fresco e concentrado para auxiliar na redução dos episódios de diarreia, registrando-se mais dois óbitos nos dias 3 e 4, com cargas parasitárias de 19.400 e 9.100 oocistos de Eimeria por grama de fezes, respectivamente. Foi realizado o tratamento com sulfaquinoxalina/SID/VO, de acordo com o peso individual de cada animal por três dias, ao término do tratamento, sendo este dia 8 de março, foi realizada a desinfecção do ambiente com a utilização de vassoura de fogo em paredes e piso, registrando-se neste mesmo dia mais dois óbitos, de animais com carga parasitária de 45.500 e 85.200 oocistos, respectivamente. Foi reintroduzido na dieta, o capim fresco e concentrado com sal mineral, sendo mantidos atualmente, em instalações compostas por área sombreada, e com acesso a piquete com sol, não havendo mais mortes com a melhora progressiva destes animais.
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