Anormalidades congênitas de caráter hereditário são comuns em varias espécies de animais. Nos ruminantes uma frequentemente observada é a atresia anal. O animal acometido pode apresenta incapacidade de defecar, distensão abdominal, aumento de volume perineal, tenesmo, assim como sinais de cólica. O presente trabalho relata o caso de uma bezerra, sem raça definida, com dois dias de idade, atendida no hospital veterinário do IFPB-Sousa. O animal foi submetido a exame clinico geral e foi coletado material para hemograma. No exame clinico geral os parâmetros vitais estavam dentro da normalidade, apresentando de alterado tenesmo, presença de secreção sanguinolenta pelo cordão umbilical, ausência de ânus e presença de uma estrutura semelhante à vulva de menor tamanho e fundo cego na região lateral esquerda da comissura clitoriana. Na avaliação hematológica não foram encontradas alterações. O animal foi encaminhado para a cirurgia corretiva de atresia anal, onde foi feito botão anestésico subcutâneo com 3 ml de lidocaína e 2 mL no ligamento interespinhoso, em seguida anestesia epidural com associação de lidocaína (2,5 mL) e bupivacaína (2,5 mL). Após o período de latência dos anestésicos e dos cuidados antissépticos, deu-se inicio a cirurgia, na qual foi realizada incisão em cruz na região de ânus, divulsão subcutânea e ressecção da pele presente entre os bordos. Em ato continuo realizou-se a divulsão profunda (± 8 cm) encontrando uma estrutura de fundo cego, compatível com o reto. Essa estrutura foi tracionada e em seguida foi feito a incisão, sendo liberado um conteúdo característico de mecônio. O reto foi então fixado a pele com quatro pontos cardiais, seguidos de outros pontos simples separado com Nylon 2-0. Posterior à fixação, foi introduzido um tubo cilíndrico de plástico com aberturas nas extremidades, confeccionado de uma seringa de 20 mL sem êmbolo, fixada a pele com ponto simples separado, com o intuito de prevenir a estenose do orifício. No pós-operatório foi realizado antibióticoterapia com penicilina (Agrodel Plus®), 1,5 mL, via intramuscular, BID, durante 10 dias, associado à limpeza da ferida, SID, com aplicação tópica de pomada a base de ureia e penicilina (Ganadol®) e rifamicina spray. No dia seguinte, pela manhã, ao fazer o exame clinico o animal estava ativo, com normalidade dos parâmetros vitais, se alimentando e apresentando fezes diarreicas. No final do dia, o animal recebeu alta, sendo indicado o retorno clinico para retirada dos pontos. Dez dias após o procedimento cirúrgico o animal retornou ao hospital, para a retirada de pontos e da prótese. Além disto, foi instituída a cura do umbigo com tintura de iodo a 2% duas vezes por dia por três dias. Para a má-formação vulvar não foi realizado nenhum procedimento, pois a estrutura não apresentava continuidade com outro tecido. O prognóstico da atresia anal associado à duplicidade de canal vulvar é bom, quando se preconiza um rápido diagnóstico e acompanhamento adequado, reduzido à mortalidade nos primeiros dias de vida.
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