A intussuscepção intestinal consiste na invaginação de uma porção do intestino para dentro do lúmen do intestino adjacente, e a patogênese envolve aumento de peristaltismo devido a parasitismo, enterites virais ou bacterianas. O prognóstico é sempre reservado, pois geralmente progride para peritonite. São descritos na literatura os tipos entérica, ileocólica, cecocólica e cólica como mais frequentes em bovinos. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma intussuscepção de ceco em um bovino, macho, 120 kg, 9 meses de idade. O animal era criado em regime extensivo e se alimentava de pasto nativo em uma propriedade na mesorregião do Agreste Paraibano. Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da UFPB com queixa de palidez de mucosa (identificada há 15 dias), diarreia há oito dias e edema submandibular que progrediu para o peito. Foi tratado na propriedade com vermífugo, antibiótico, ferro e diaceturato de diminazeno. Ao exame físico apresentava comportamento alerta, decúbito esternal permanente, presença de carrapatos, desidratação leve (8%), linfonodos pré-escapulares aumentados de volume, bruxismo, fezes liquefeitas e edema de peito. Hemograma, bioquímica sérica e urinálise foram requisitados. Os cuidados iniciais incluíram fluidoterapia oral para corrigir a desidratação e manejo adequado do decúbito. O hemograma demonstrou uma leve anemia normocítica e normocrômica, diminuição das proteínas plasmáticas totais e leucocitose por neutrofilia. A bioquímica sérica revelou hipoalbuminemia (1,0 g/dL – VR: 3,0 a 3,5 g/dL), aumento de AST (307 UI/L – VR: 78 a 132 UI/L) e a urinálise não demonstrou alterações significativas. Terapia antimicrobiana foi instituída diante do quadro diarreico e quadro leucocitário. No tratamento de suporte foi instituído transfusão sanguínea, suplemento a base de cálcio, fósforo e vitamina B12. Não houve melhora da sintomatologia clínica ocorrendo agravamento dos sinais, com acentuação da palidez das mucosas, emagrecimento progressivo, fezes mais liquefeitas, aparecimento de edema nos membros e hiporexia. O animal morreu após nove dias de internamento com apatia severa, depressão e anorexia. O exame necroscópico revelou congestão hepática, intussuscepção do ceco com necrose e fibrina transmural, associada a tiflite necro-hemorrágica. O trânsito foi parcialmente mantido pelo fato do ceco não ter obstruído completamente o lúmen do cólon. A hipoalbuminemia provavelmente foi secundária a enteropatia e o decúbito provocou elevação da atividade da AST pelas lesões muscalares. O histórico, a ausência de sinais indicativos de intussuscepção (ausência de fezes, eliminação de muco enegrecido ou sanguinolento, cólicas e distensão abdominal) não eram sugestivos de lesões obstrutivas intestinal sendo o diagnóstico final estabelecido apenas após realização da necropsia.