O prolapso uterino é uma alteração de posição do útero que se observa quando o órgão apresenta uma inversão, projetando-se para o exterior da vagina e vulva exteriorizando sua mucosa. Este é classificado em parcial (um corno prolapsado), completo (dois cornos prolapsados) e completo total (dois cornos e cérvix prolapsados) de acordo com a exposição de um ou dois cornos uterinos e cérvix. Este tipo de prolapso é comum em vacas e ovelhas. As causas determinantes para a ocorrência dos prolapsos uterinos ainda não estão bem esclarecidas, entretanto sabe-se que há fatores predisponentes como: disfunções hormonais; hipocalcemia; aumento da pressão intra-abdominal causada por gestações gemelares; obesidade; hidropsia dos envoltórios fetais e/ou timpanismo; uso de estrógenos; predisposição hereditária; defeitos anatômicos; relaxamento exagerado do sistema de fixação da vagina em fêmeas idosas e/ou multíparas; e inflamações na região da vulva e do reto. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de prolapso uterino completo total em uma cabra atendida no Hospital Veterinário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, campus de Sousa-PB, da raça Saanen, com seis anos de idade, pesando 20 kg. Durante a anamnese o proprietário relatou que há dois meses o animal havia expulsado o útero durante o parto de um cabrito grande, o mesmo lavou o útero, reposicionou para dentro da cavidade e suturou a vulva, mas no dia seguinte voltou a prolapsar. Durante o exame clínico observou que o animal se mostrava alerta, com parâmetros fisiológicos dentro da normalidade para a espécie, mas apresentava estertor pulmonar durante a inspiração. No exame ginecológico observou-se a exposição da cervix juntamente com ambos cornos uterinos. Para redução do prolapso uterino foi realizada anestesia epidural intercoccigena na dose de 0,1mL/kg e limpeza de todo o útero com soro fisiológico e sabão neutro, posteriormente a cervix foi recolocada para o interior da cavidade e em seguida os cornos. Após a redução do prolapso por completo, foi realizado na vulva a sutura de Buhner com o fio de algodão 0, com o intuito de evitar um novo prolapso. Foi prescrito como tratamento pós-operatório flunixina meglumine (1,1 mg/kg) intramuscular, SID, duração de três dias e amoxicilina (15mg/kg) intramuscular, a cada 48hrs, três aplicações. O prognóstico é geralmente favorável, porém é preciso levar em consideração o estado dos órgãos, quando o animal apresenta lesões severas tais como necrose e tormbose, o prognóstico torna-se desfavorável. No caso descrito os órgãos apresentaram-se em ótimo estado, mesmo após o tempo prolapsado. O animal teve boa recuperação pós cirúrgica, não havendo recidiva.
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