Indigestão vagal secundária a hérnia diafragmática em bovino

  • Autor
  • Kaliane COSTA
  • Co-autores
  • Sara Vilar Dantas SIMÕES , José Bezerra FILHO , Igor Mariz DANTAS , José Ferreira da Silva NETO , Ruy Brayner de Oliveira FILHO , Suedney de Lima SILVA , Ricardo Barbosa LUCENA
  • Resumo
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    As lesões totais ou parciais do nervo vago ocasionam distúrbios digestivos em ruminantes conhecidos como indigestão vagal uma vez que o mesmo é responsável pela motricidade gastrointestinal. Os animais acometidos apresentam como principais sinais clínicos a distensão abdominal, timpanismo recidivante, atonia, hipo ou hipermotilidade ruminal, podendo também apresentar bradicardia, levando nos casos comprovados o animal ao óbito. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso em fêmea bovina, SRD, nove anos de idade, atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal da Paraíba (HV/UFPB) com histórico de ausência de ruminação e distensão abdominal há aproximadamente oito dias. O animal era criado em regime semi-intensivo e alimentado com capim nativo. Durante o exame físico as alterações observadas foram apatia, redução do apetite, desidratação moderada, mucosas pálidas, vasos episclerais ingurgitados, distensão abdominal em forma de maçã-pera, hipermotilidade ruminal e redução da quantidade de fezes. O animal foi encaminhado para realização da laparorruminotomia exploratória em flanco esquerdo. Durante o procedimento cirúrgico foi constatada a presença de extensas aderências entre a parede do rúmen e o gradil costal, impedindo a exploração completa da porção entre retículo e diafragma, pois não há foi. Na exploração do compartimento ruminorreticular havia grande quantidade de contéudo e redução do tônus do orifício retículo-omasal a palpação, reforçando a suspeita de indigestão vagal. Após o procedimento cirúrgico utilizou-se terapia antimicrobiana e antiflamatória adequada. Ao longo dos dias houve agravamento do quadro clínico, o animal apresentou apatia e distensão mais acentuada do abdome, redução mais acentuada e ressecamento das fezes, desidratação grave, além de gemidos durante os movimentos respiratórios. Devido ao agravamento do quadro clínico, optou-se pela eutanásia. No exame necroscópico identificou-se hérnia diafragmática, sendo o conteúdo herniado parte do retículo. Na exploração do conteúdo reticular herniado havia diversos corpos estranhos metálicos e a mucosa do órgão estava ulcerada. Difusas aderências foram identificadas entre retículo e pulmão, fígado e diafragma, diafragma e músculos intercostais, rúmen e gradil costal, além de ascite. A dificuldade de palpar a porção cranial do retículo na exploração da cavidade e a presença de conteúdo reticular compactado na parte herniada do retículo dificultou o diagnóstico antemortem da hérnia diafragmática, que é uma das causas de indigestão vagal. As aderências identificadas, além da herniação do órgão agravaram o comprometimento do vago. Existe a possibilidade da herniação do retículo ter sido decorrente de lesões no diafragma em quadro prévio de reticulite-traumática. Apesar de não ser frequente na rotina clínica de grandes animais, a hérnia diafragmática deve ser incluída no diagnóstico diferencial em animais com quadro digestivo.

     

  • Palavras-chave
  • Distúrbios digestivos, Pré-estômagos, Hipertonia ruminal.
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