O timpanismo espumoso é um distúrbio digestivo dos ruminantes ocorrido quando há excesso de gases na forma de espuma persistentemente dispersa no conteúdo ruminal. Os fatores predisponentes são principalmente alterações na produção de saliva ou motilidade ruminal, falhas na alimentação como na proporção de concentrado e volumoso, e a modificações na composição da microbiota ruminal. O presente relato descreve o caso de um bovino, sem raça definida, fêmea, prenhe, 08 anos de idade, 520 kg, atendido no dia 21/11/2017 pelo setor da Clínica Médica de Grandes Animais do Hospital Veterinário, da Universidade Federal de Campina Grande, Patos-PB, com histórico de que há aproximadamente 10 dias apresentava aumento do abdômen no lado esquerdo, diminuição na quantidade de fezes, com consistência ressecada e escura. O proprietário relatou que outros 5 animais adoeceram após, aproximadamente 90 dias do início do uso de uma nova ração. A dieta da paciente consistia em capim nativo e 4 kg de concentrado, divididos duas vezes ao dia. Ao exame físico observou-se paciente com taquicardia (144 bpm), taquipneia (52 mrpm), enoftalmia, e perda das estratificações ruminais, sugerindo a palpação externa e retal predomínio de conteúdo pastoso. A sondagem orogástrica demonstrou não haver obstrução esofágica, assim como eliminação de conteúdo gasoso do rúmen. Devido as características físicas do fluido ruminal não foi possível realizar coleta para análise laboratorial, sendo obtido apenas pequeno volume no interior da sonda, com aspecto mais viscoso que o normal. Foi observada ainda, dispneia devido à compressão diafragmática pela distensão ruminal e avançada gestação. Com base no histórico, sinais clínicos e resultado da sondagem o diagnóstico estabelecido foi de timpanismo espumoso, sendo instituída a laparoruminotomia exploratória como forma de auxílio diagnóstico e tratamento emergencial, pelo quadro apresentado e avançada gestação. Durante o procedimento foi possível confirmar a suspeita, sendo removido volume de aproximadamente 150 kg de conteúdo ruminal com coloração acastanhada e característica espumosa, que imediatamente após a incisão do rúmen fluiu espontaneamente. Após a remoção do conteúdo procedeu-se a colocação de fibras longas de boa qualidade de capim elefante no interior do rúmen e transfaunação, com o intuito de re-estabelecer as condições fisiológicas do ambiente ruminal. Concomitantemente, foi instituído o uso de penicilina (40000 UI/Kg, 5 aplicações.), gentamicina (40 mL, 10 aplicações.), metocloporamida (24 mL), cálcio (250 mL, diluída em NaCl 0,9%.), NaCl 0,9% (30 L) e flunixin (22 mL). Após o tratamento descrito, o animal apresentou evolução positiva, recebendo alta no dia 04/12/2017. O presente relato demonstra a importância de uma adaptação gradativa da microbiota ruminal a novas dietas objetivando a prevenção de transtornos digestivos e da laparoruminotomia como forma de tratamento emergencial.
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IV CONEB
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