A laminite é uma enfermidade que acomete os dígitos dos animais cuja fisiopatogenia ainda não é completamente elucidada, porém acredita-se que esteja ligada principalmente a problemas de manejo nutricional com consequente desequilíbrios no pH ruminal, decorrente da ingestão excessiva de grãos, principalmente milho, aveia e trigo, podendo está associada a baixa qualidade e quantidade de fibras. Acomete animais ungulados e biungulados, porém sua ocorrência em caprinos é esporádica. A dor e desconforto, em grande parte dos casos, impossibilita o desempenho das atividades do animal, causando baixa na ingestão de água e alimento, acarretando em perda de peso ou redução na cadeia de produção, o que leva a prejuízos econômicos ao proprietário. O presente trabalho tem como objetivo descrever dois casos de laminite em caprinos jovens advindos do município de Vista Serrana – Paraíba, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, Patos-PB. Os caprinos tinham três meses de idade, eram criados em sistema semi-intensivo e a queixa principal era de que há 40 dias apresentavam abdômen aumentado de volume e passavam a maior parte do tempo em decúbito esternal ou lateral. O manejo nutricional na propriedade consistia em fornecimento de ração no cocho ad libitum à base de milho e trigo moídos e os animais também tinham acesso à piquetes com forragem, porém havia uma escassez de alimento disponível nos mesmos. Ao exame físico dos cabritos foi identificado taquicardia, taquipneia e abdômen distendido no antímero esquerdo, na região de flanco. Também foi observado que permaneciam mais tempo em decúbito esternal, apresentavam graus variáveis de claudicação de apoio principalmente nos membros torácicos, associado ao crescimento excessivo dos cascos e sensibilidade à palpação, além disso, presença de sinais que caracterizavam desconforto quando em estação como balançar constante de cauda e relutância ao passo. Foi realizado exame radiográfico onde observou-se em um dos animais no membro torácico rotação dorsal da falange distal. O diagnóstico definitivo de laminite foi determinado a partir dos achados epidemiológicos, clínicos e radiográficos e o tratamento instituído foi Fenilbutazona (4,5 mg/kg, SID, IM, 3 dias), Bicarbonato de sódio (1g/kg, SID, VO, 3 dias), compressa com água gelada (30`, BID, 3 dias) e casqueamento corretivo. Houve uma melhora do quadro clínico e os dois cabritos receberam alta oito dias após início do tratamento. Vale ressaltar que na propriedade haviam ocorridos casos de acidose ruminal aguda e urolitíase em caprinos submetidos ao mesmo manejo alimentar que os animais em relato, o que demonstra graves erros quanto ao fornecimento de concentrado nesta propriedade. Percebe-se assim, que o manejo alimentar é de fundamental importância desde a primeira fase de vida, podendo desencadear várias patologias se realizado de forma inadequada, o que implica em perdas econômicas aos proprietários.
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