A fotossensibilização é a hipersensibilidade adquirida à luz solar, uma reação que ocorre na pele dos animais e é classificada como secundária, de origem hepática ocasionando uma falha no metabolismo da filoeritrina e primária quando o animal ingere certas plantas tóxicas capazes de induzir diretamente dano nos tecidos quando exposto ao sol. Na região nordeste a única planta conhecida que causa dano primário é a Froelichia humboldtiana, também conhecida como “ervanço” ou “cabeça branca”, a intoxicação ocorre durante o período de chuvas em animais que tem acesso a pastagens invadidas pela planta, afetando principalmente áreas despigmentadas, porém alguns animais podem apresentar lesões em áreas pigmentadas com feridas que pode apresentar prurido fazendo com que os animai cocem, causando lesões secundárias. O diagnóstico é baseado na presença da planta na pastagem, pelas características das lesões da pele e pela ausência de elevação das enzimas hepáticas. O objetivo deste trabalho é relatar caso de fotossensibilização primária diagnosticada em atendimento externo realizado na cidade de São Miguel do Tapúio, na região Centro-norte do estado do Piauí. Foram atendidos sete animais, três fêmeas, dois bezerros, um macho adulto da raça nelore e uma fêmea adulta SPRD. O sistema de criação era extensivo, os animais não recebiam suplementação concentrada, apenas tinha acesso livre a sal comum. No exame físico os animais apresentaram lesões crostosas, hiperêmicas e profundas, multifocais, em regiões de dorso, flanco e posterior de coxa. De acordo com informações cedidas pelo proprietário e tratadores relatam que há aproximadamente dois meses os animais começaram a apresentar estas lesões. O diagnóstico foi realizado através de dados obtidos na anamnese, exame clínico, hemograma, além dos exames bioquímicos: AST/TGO, fosfatase alcalina, bilirrubina total e frações, colesterol total e triglicerídeos. Os valores de AST e fosfatase alcalina estiveram dentro dos parâmetros de normalidade reforçando o diagnóstico e corroborando com dados da literatura. O colesterol total não teve alteração nos animais diferente do triglicéride que apresentaram um aumento médio de 10,25 mg/dL. Já a bilirrubina total apresentou aumento em função da elevação da fração não conjugada, sugerindo que a planta possa ter algum componente que altere estes parâmetros (bilirrubinas e colesterol total), não existindo dados na literatura para formar uma base discursiva sobre estas alterações. Diante do diagnóstico definitivo instituiu-se um tratamento com limpeza das feridas duas vezes ao dia com solução fisiológica e aplicação de pomada a base de sulfadiazina para controle das infecções secundárias. Além do tratamento tópico recomendou-se uma mudança do sistema de criação, de extensivo para intensivo deixando os animais de preferência na sombra das árvores. O diagnóstico de fotossensibilização primária foi baseado nos dados obtidos na anamnese, com a confirmação da presença da planta na propriedade, características das lesões na pele e ausência de elevação das enzimas hepáticas, do mesmo modo que foi diagnosticado um caso de intoxicação primária por “ervanço” em equino na cidade de Patos-PB e reproduzida experimentalmente em um jumento e um ovino branco no mesmo município da Paraíba. Diante do relato conclui-se que a fotossensibilização primária por F. humboldtiana ocorre em bovinos na região centro norte do estado do Piauí.
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