Os defeitos congênitos são a causa de até 15% de óbitos nas primeiras 48 horas de vida em ruminantes, representando prejuízos econômicos aos produtores. As cardiopatias congênitas nestes animais se tornam desafiadoras para a Medicina Veterinária em virtude da dificuldade diagnóstica. Animais com defeitos pequenos a moderados podem ter uma expectativa de vida relativamente normal, contudo, em casos de grandes defeitos, pode-se desenvolver insuficiência cardíaca congestiva (ICC), e/ou hipertensão pulmonar. A comunicação interventricular é uma cardiopatia que acomete grandes animais, caracterizada por uma abertura na porção do septo ventricular, promovendo comunicação livre do sangue entre ambos os ventrículos. Sua causa está relacionada a heranças de características autossômicas recessivas. Já a estenose pulmonar, é um defeito valvar que consiste em um estreitamento localizado em qualquer ponto desde o trato de saída do ventrículo direito até a artéria pulmonar principal. O estreitamento ocasiona uma resistência à saída do sangue, provocando uma elevação da pressão sistólica ventricular direita. O presente trabalho relata o caso de um ovino de 07 meses de idade, atendido no Hospital Veterinário Universitário - HVU/UFPI. Na anamnese o proprietário relatou que o animal nasceu fraco, apresentava intolerância ao exercício, respiração ofegante e cansaço fácil. No exame físico constatou-se comportamento apático, mucosas cianóticas, ruminação ausente, taquicardia e taquipinéia. A frequência cardíaca foi 146 bpm. Ainda, auscutou-se um sopro contínuo na base do coração, de grau IV/V. O exame ecocardiográfico revelou comunicação interventricular e estenose pulmonar. Por meio da técnica de Doppler, foi possível a localização das alterações e a mensuração das velocidades de fluxo e regurgitações. A comunicação interventricular geralmente vem associada a outras anomalias cardíacas, como observada no presente caso, onde o paciente manifestou além desta, uma estenose da artéria pulmonar. A comunicação localizou-se logo abaixo das valvas tricúspide e aórtica, na porção membranosa. O shunt se dava do ventrículo esquerdo para o direito, resultando em sobrecarga de volume para a circulação pulmonar, átrio e ventrículo esquerdo. O animal aqui estudado apresentava sinais clínicos de ICC, semelhantes aos encontrados em bovinos recém-nascido apresentando a mesma patologia. Não se preconiza o tratamento para estas alterações em animais de produção. Casos onde se verifiquem modificações como estas, o animal deve ser eliminado do programa de reprodução da fazenda. Dessa forma, o proprietário foi alertado a verificar possíveis históricos de doenças congênitas em outros animais do plantel provenientes dos pais deste ou de seus ascendentes. Até o presente momento, existem poucos casos relatados de cardiopatia congênita diagnosticados por ecocardiografia em pequenos ruminantes. O exame ecocardiográfico demonstrou ser uma ferramenta de diagnóstico precisa. Este trabalho será de suma importância para auxiliar clínicos na conduta e diagnóstico precoce de cardiopatias nesta espécie, fornecendo subsídios necessários para a tomada de decisões e conduta terapêutica.
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