O prolapso retal é uma enfermidade caracterizada pela protrusão de uma ou mais camadas do reto através do ânus. Ele pode ser parcial ou completo, ou ainda moderado ou grave dependendo das estruturas envolvidas. No caso do fator sexo, as fêmeas por possuírem maior quantidade de gordura interna, sobretudo na pelve, e este sendo um tecido relativamente fraco, rompe-se facilmente quando a ovelha tosse ou promove maior esforço, induzindo a exposição do reto pelo ânus. Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico de um animal da espécie ovina, Dorper, fêmea, pelagem padrão, 11 meses, pesando 62 Kg, o qual foi atendido durante visita técnica pela equipe de Sanidade de Ruminantes da Clínica de Grandes Animais do Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal do Piauí, em uma propriedade localizada aos arredores de Teresina, estado do Piauí. Esse animal encontrava-se em um rebanho com 12 animais do rebanho apresentaram tosse seca excessiva. No mesmo período foi instituída a vermifugação estratégica de acordo com o calendário pré-estabelecido na propriedade. Dos 12 animais que apresentaram a tosse, apenas um manteve a tosse mesmo após a utilização do vermífugo apresentando no 4º dia após a administração do fármaco, protusão parcial da mucosa retal. Ao exame clínico realizado o animal prolapsado apresentava-se com escore de condição corpora 4, 96 bpm de frequência cardíaca e 60 de frequência respiratória, hipomotilidade digestória com 1 movimentos ruminais por minuto, mucosa retal congesta, tenesmo e dificuldade de defecação. Não foi possível aferir a TR do animal devido o incômodo da estrutura prolapsada. O animal era caudectomizado. Sendo diagnosticado prolapso de reto parcial de grau moderado, provavelmente agravado por tosse em decorrência de uma possível broncopneumonia verminótica, associada a uma caudectomia excessivamente curta. Com prognóstico reservado o animal foi encaminhado para tratamento cirúrgico, com amputação da porção prolapsada do reto, e institui-se no tratamento pós-cirúrgico, antibioticoterapia sendo administrado 5 mL de Benzilpenicilina G Procaína 10.000.000 UI, Benzilpenicilina G Benzantina 10.000.000 UI, Sulfato de di-idroestreptomicina 10.500 mg e piroxicam 1.000 mg por via intramuscular, SID, durante 5 dias. Como terapia anti-inflamatória foi administrado 2,3 mL de flunixina meglumine 2,2 mg/kg, IM, BID, durante 5 dias. Foi administrado por via retal, creme contendo 1 mg de pivalato de fluocortolona e 20 mg de cloridrato de lidocaína, BID, durante 10 dias, e dieta rigorosa a base de volumoso em pequena quantidade durante 10 dias, com o objetivo de diminuir o trânsito intestinal facilitando a cicatrização da ferida cirúrgica. Com 10 dias o animal foi reincorporado ao rebanho, não sendo observado alterações pós-cirurgia. Conclui-se que a caudectomia, prática que consiste em realizar remoção da cauda dos ovinos lanados sendo adotada pelos padrões da raça Dorper, e amplamente difundida e justificada por produtores como sendo importante para evitar o acúmulo de fezes na região posterior, evitando atrair moscas e consequentemente a ocorrência de infestação por miíases e outros micro-organismos oportunistas. Entretanto, a ocorrência de prolapsos em animais caudectomizados está relacionado ao fato do músculo esfíncter anal está inserido nas primeiras vértebras coccígenas, não tendo mais onde se fixar após a remoção da cauda, e com isso tem-se observado um aumento na casuística prolapso retal em ovinos da raça Dorper devido ao procedimento de caudectomia, sendo necessários uma conscientização com os produtores para que seja abolida essa prática na ovinocultura, uma vez que a cauda não interfere na higienização desses animais se tomadas medidas de higiene adequadas.
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IV CONEB
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