Dermatofitose em bezerro no Sertão da Paraíba
Dermatophytosis in calve in the Sertão da Paraíba
Thiago Jordão de Oliveira, FEITOSA1, Maria Thays de Morais, PINTO1*, Gabriel da Silva CORREIA1, Daniel de Medeiros ASSIS1, Millena de Oliveira FIRMINO1, Tatiane Rodrigues da SILVA1, Eldinê Gomes de Miranda NETO1, Antônio Flávio Medeiros DANTAS1
1Universidade Federal de Campina Grande, Departamento de Medicina Veterinária, Hospital Veterinário, Patos - PB. E-mail: thaysverissimo@hotmail.com
Dermatofitose é causada por fungos queratinofílicos, denominados dermatófitos, eles possuem atração por tecidos queratinizados, como pele e pêlos. As espécies que acomete os ruminantes estão distribuídas entre os gêneros Microsporum e Trichophyton. Caracteriza-se pelo grande número de microrganismos no local ou no interior dos pêlos, na camada de queratina da epiderme nos folículos pilosos, camada essa que atua como barreira para proteção dos demais tecidos contra infecções profundas. Na bovinocultura esta enfermidade ocorre de forma frequente em bezerros após desmame que vivem estabulados, além disso, outros fatores imunossupressivos como doenças concomitantes e antibioticoterapia predispõe o aparecimento da infecção fúngica. Diante disso, objetiva-se com este trabalho relatar um caso de dermatofitose em um bezerro. Um bovino, macho, quatro meses de idade, mestiço, criado de forma extensiva, que foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, Patos-PB (HV/UFCG), apresentando lesões cutâneas na região periocular e hérnia umbilical. Essas lesões cutâneas caracterizavam-se por alopecia na região de face e região distal de membros torácicos e pélvicos. As lesões eram circulares, secas, crostosas, acinzentadas, circulares e simétricas, também existiam áreas de hiperqueratose na região da face. Como o motivo pelo qual o bezerro foi encaminhado ao HV/UFCG havia sido a hérnia, foi realizado a herniorrafia. Durante o pós-operatório as lesões cutâneas se proliferaram e foi realizada biopsia excisional das lesões cutâneas e encaminhadas para o Laboratório de Patologia Animal do HV/UFCG. No exame histopatológico, observou-se discreta hiperqueratose paraqueratótica, associada a áreas multifocais de pústulas. Alguns folículos pilosos apresentam discreta hiperqueratose paraqueratóticas e numerosas hifas fúngicas discretamente basofilicas, em cortes transversais e longitudinais, septadas, raras ramificações no interior da haste pilosa, ao redor da haste há numerosos esporos fortemente basofílicos, arredondados, medindo aproximadamente 2-3µm. Na derme superficial foram vistas ainda áreas multifocais com discreto infiltrado inflamatório, constituído predominantemente por linfócitos, macrófagos e em menor número de neutrófilos. Diante dos achados anatomopatológicos das lesões, morfologia do agente e do quadro clínico chegou-se ao diagnóstico de dermatofitose. A terapêutica instituída para a dermatofitose foi limpeza com clorexidina degermante a 2% deixando agir por 10 minutos e melhoria na alimentação e bem-estar do paciente para auxiliar a resposta imunológica. Conclui-se que o agravamento do quadro clínico do bovino em relato, quanto a dermatofitose, deve ter sido em decorrência do estresse causado pela intervenção cirúrgica, tratamento com antibióticos no pós-operatório e o período prolongado de internamento. A dermatofitose é uma doença contagiosa, com predileção por animais imunossuprimidos, além disso é uma zoonose, por isso deve-se aprimorar as práticas de manejo visando o bem-estar animal e a prevenção da doença.
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