Brincar de investigar a cultura popular: vivenciando nossa arte

  • Autor
  • Simone de Fátima Alves Mendes
  • Co-autores
  • Maria da Conceição Pereira Ferreira Alves
  • Resumo
  • A cultura popular como identidade coletiva local.

    O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a cultura popular como identidade coletiva local a partir da experiência vivenciada com a turma do pré-escolar II no Centro de Referência em Educação Infantil – CREI Maria Ruth de Souza, João Pessoa- PB. Este trabalho tem como esteio a tríade de conceitos: diálogo, cultura popular e criança. A saber, o diálogo, segundo Freire, é uma prática da liberdade, um movimento constitutivo da consciência, um encontro entre os homens para pronunciar o mundo. A UNESCO conceitua cultura tradicional e popular como o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural fundado sobre a tradição, expressando a sua identidade cultural e social, suas normas e valores e a criança como sujeito histórico de direitos interage com o mundo e constrói cultura, conforme afirma Kramer (1998).   As práticas pedagógicas dos CREIs têm como referência as orientações da Secretaria da Educação e Cultura/Coordenação de Educação Infantil que propõem o trabalho com projetos temáticos. No primeiro bimestre a Rede Municipal de Educação Infantil de João Pessoa desenvolve projetos com o eixo identidade e autonomia. Assim, o CREI Maria Ruth construiu coletivamente o projeto "Eu sou assim", de forma interdisciplinar, envolvendo toda a unidade. Dentre as práticas desenvolvidas vivenciamos uma sequência didática com 20 crianças da turma do pré-escolar II abordando o "carnaval" e seus diversos elementos como componente da identidade coletiva e patrimônio imaterial do povo brasileiro. A sequência didática iniciou com a realização de uma atividade de normalização que segundo Montessori (1965) é uma caminhada de retorno ao equilíbrio natural da criança através de uma atividade lúdica auxiliando a criança a concentrar-se. Sentados em um círculo brincamos de maestro com movimentos e sons, em seguida fizemos a leitura deleite. Após esses momentos que fazem a rotina diária, começamos nossa brincadeira de investigar. Inicialmente utilizamos como objeto gerador uma caixa de reconhecimento com elementos do carnaval com a qual cada criança pode manipular e deduzir o que tem dentro dela. Elas disseram: jacaré, bolo, pipoca, carro, tubarão. A imaginação fluiu bastante. Após passar por todas as crianças abrimos a caixa e cada uma escolheu um elemento, conversamos sobre o que esses rudimentos nos lembravam, logo elas falaram do carnaval. Ainda no clima festivo, ao som da música, brincamos carnaval vestidos com os adereços, fizemos desfiles e um exercício de teatro, no qual um a um sai da sala, ao entrar todos aplaudiam e a criança tenta olhar nos olhos da plateia amiga e só recebe os aplausos por um tempo. Registramos em um cartaz a palavra carnaval para colocar no cantinho da pesquisa junto com a caixa de reconhecimento. Nas aulas seguintes fizemos uma roda de conversa registrando os seguintes pontos: o que sabemos? o que queremos saber? e as curiosidades apontadas pelas crianças acerca do carnaval, formulando assim nossas hipóteses. Conversamos e registramos alguns dados, sendo a professora escriba.  Esse foi um dos momentos mais interessantes, pois de posse de algumas informações sobre o carnaval, as crianças despertaram provocadas por uma curiosidade (onde era feita a roupa do Urso?), exigindo que elas próprias fizessem uma investigação junto com a professora e com os seus familiares. Foram feitas pesquisas na internet e socialização entre as crianças (história do carnaval, brincadeiras, músicas, vestimentas, adereços...). Tivemos o momento de construção de vários adereços, inclusive a roupa do Ala Ursa, usando materiais diversos e de fácil acesso (sacolas, TNT, saco de nylon, fitas e tecidos). As crianças também registraram oralmente as impressões dos seus familiares referentes ao carnaval e como essa cultura era vista por elas no bairro. Perceberam que essa manifestação da cultura popular, a Ala ursa, não era de São Paulo, que suas roupas e adereços eram feitas pelos brincantes e que seus familiares e amigos eram esses brincantes. Que essa cultura fazia parte da sua comunidade, praticada por crianças organizadas de forma autônoma com seus instrumentos reciclados e/ou por adultos organizados em agremiações. Com a parceria do professor de música, aprendemos a tocar a música, reconhecemos o Ala Ursa como um elemento da cultura popular do carnaval muito presente no bairro e vivenciado pelos seus familiares, ou seja, faz parte de sua identidade cultural coletiva. Para celebrar toda essa pesquisa saímos às ruas com instrumentos, as crianças fantasiadas e, claro, o nosso “Ala Ursa da paz” homenageando o Urso da paz do bairro do Grotão, uma agremiação de brincantes que existe a mais de 15 anos no nosso território. Reconhecemos a importância dessa prática por termos pautado uma temática viva na cultura nordestina e em especial na nossa comunidade. Houve a participação efetiva das crianças nos diversos momentos sendo protagonistas de todo o processo educativo. Ressaltamos também que a mediação pedagógica de forma planejada fez diferença, contagiando as crianças que foram sendo não apenas receptores, mas construtores do conhecimento. Com isso queremos enfatizar que a temática proporcionou significativos aprendizados: a socialização, a criatividade, contato com as diferentes linguagens, apropriação musical e o reconhecimento do Ala Ursa como elemento da cultura popular local.

  • Palavras-chave
  • Criança, Diálogo, Cultura popular
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • GT 2: Culturas Infantis
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  • Agência ou instituição financiadora (quando houver), em nota de rodapé;

  • Página tamanho A4.

  • Margens superior e esquerda com 3,0 cm; inferior e direita 2,0 cm.

  • As referências bibliográficas e outros aspectos de organização científica do texto devem seguir, rigorosamente, as regras da ABNT.

  • GT 1: Currículo na Educação Infantil
  • GT 2: Culturas Infantis
  • GT 3: Educação Infantil do Campo
  • GT 4: Práticas Pedagógicas na Educação Infantil
  • GT 5: Infância e Educação Especial
  • GT 6: Corpo, Brinquedos e brincadeiras no cotidiano da Educação Infantil

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IV Seminário EI

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