Introdução
Esse trabalho apresenta um recorte das ações do projeto de extensão “Interações de linguagem e cultura lúdica da infância na Educação Infantil” - PROBEX 2018, vinculado as ações da brinquedoteca/laboratório de ensino “o grãozinho” da UFPB campus III - Bananeiras, que tem como objetivo mediar a compreensão das interações e experimentações de linguagem e sua relação com a natureza lúdica da infância no contexto da proposição dos campos de experiência para a organização da prática pedagógica na Educação Infantil. Nosso objetivo, a partir das ações já desenvolvidas do projeto, é discutir a relação entre a experiência brincante da criança e como a escola compreende o brinquedo na Educação Infantil.
Por meio de observações de como as crianças interagiam no espaço brincante que a escola já oferecia e com base em estudos sobre o brinquedo e a brincadeira na Educação Infantil, propomos uma intervenção voltada à experiência com brinquedos não estruturados (caixas, cordas, bambolês, pneus…) que nos possibilitou perceber aspectos importantes na discussão sobre brinquedo e brincadeira na Educação Infantil.
Referencial Teórico
Na discussão acerca dos conceitos referentes à ação brincante da criança, compreendemos o brinquedo como um objeto que transcende as limitações físicas e que está diretamente ligado as relações experienciais de cada criança. Com isso, entendemos que quando brinca, a criança inventa e reinventa o mundo, como pode ser compreendido na proposição de Aires (2013, p.21) Consideramos o brinquedo [...] como um território, um lugar de narrativa, uma experiência de expressão. Assim o objeto brinquedo não o é sem a brincadeira, não se faz sem o corpo e a imaginação, não tem o caráter de narrativa sem o brincar. Brincadeiras corporais fazem do corpo brinquedo. Materiais colhidos na natureza entram no campo da criança para brincadeiras, entificam-se como brinquedos. Nessa perspectiva, a estruturação física do objeto brinquedo se amplia para além do físico na relação brincante da criança, sendo que qualquer material, mesmo os que não sejam definidos como tal, podem se tornar brinquedo na ação brincante da criança.
Um pneu, uma corda, uma caixa… Todas essas coisas, que a princípio não seriam brinquedos podem tornar-se castelos, carros, e uma variedade de coisas inomináveis e somente compreensivas para os sujeitos da experiência brincante, no momento da brincadeira. Quando pensamos tais questões no contexto da Educação Infantil, devemos levar em conta que o brinquedo que chega às escolas muitas vezes é colocado somente no âmbito dos jogos pedagógicos ou do brinquedo industrializado, ou seja, o brinquedo concebido a partir de uma função . Brougére (2010), afirma que o brinquedo não tem uma função precisa, é um objeto que assume significados para a criança na ação brincante não estando condicionado a regras externas.
Nesse sentido, compreendemos que o brinquedo não está no plano do instituído. Ocupa um lugar na brincadeira que só pode ser definido pelo sujeito brincante. Partindo dessa concepção, o brinquedo e a brincadeira devem ocupar, nos currículos da Educação Infantil, o lugar da criação e da expressão.
Metodologia
A pesquisa foi realizada numa escola do campo no município de Bananeiras – PB, especificamente em salas de Educação Infantil e nos seus espaços brincantes. A partir de um processo inicial de observação percebemos alguns aspectos das brincadeiras das crianças, baseado no princípio de uma escuta mais sensível com base no olhar antropológico anunciado por Friedman (2015) como uma atitude metodológica voltada à infância, em que os pesquisadores observam respeitosamente os sujeitos da pesquisa, buscando uma proximidade com seus universos infantis sem que a presença do adulto seja tão invasiva. Nesse sentido, a brincadeira é uma possibilidade de aproximação não invasiva, visto que, enquanto brincamos procuramos nos desprender da visão adultocêntrica e seus preconceitos para compreender os brincares de forma mais fiel, por isso, optamos por uma metodologia de observar e registrar brincando com as crianças.
Utilizamos como instrumentos para constituição de dados, a fotografia, a vídeo-gravação e registros escritos dos acontecidos e das falas das crianças. Com isso, e a luz de textos específicos sobre brinquedo, brincadeira e cultura lúdica da infância, percebemos alguns aspectos importantes para uma possível proposição de potencialização dos espaços brincantes das crianças. Sugestionamos a presença de brinquedos não estruturados, (caixas, pneus, cordas.. entre outros) que viabilizassem a liberdade de criação de regras próprias oriundas das relações das crianças e seus pares.
Resultados
Percebemos com essa proposição, que ao possibilitar brincadeiras mais livres a partir dos brinquedos não estruturados, proporcionamos a experiência com processos de criação por meio de brincadeiras mais expressivas, que viabilizaram inclusive, a reinvenção sobre os brinquedos que já existiam no espaço (descer no escorregador dentro das caixas, brincar nas gangorras dentro de pneus…). Essa ação proporcionou experiências brincantes que ampliaram a noção do espaço definido pela escola baseado na função prática, para um espaço de criação da criança voltado para sua existencialidade brincante.
Referências
AIRES, Jouberth Gandhy Maranhão. O brinquedo e a imaginação da terra: um estudo das brincadeiras do chão e suas interações com o elemento fogo. Dissertação de Mestrado. João Pessoa – PB, 2013.
BROUGÉRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 2010.
FRIEDMAN, Adriana. O olhar antropológico por dentro da infância: adentrando as casinhas das crianças. In Território do brincar: diálogos com as escolas. Renata Meirelles (org.). São Paulo – SP: Instituto Alana, 2015.
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1. Objeto de estudo
2. Objetivo geral
3. Referencial teórico
4. Metodologia (explicitar fase de desenvolvimento da pesquisa)
5. Resultados
6. Referências
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IV Seminário EI
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