O EU, O OUTRO, O NÓS: UMA INTERFACE DA BNCC DA EDUCAÇÃO INFANTIL COM A DIVERSIDADE

  • Autor
  • Eliane Fernandes Gadelha Alves
  • Co-autores
  • Mirtes Aparecida Almeida Sousa , Dr. Dorivaldo Alves Salustiano
  • Resumo
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    O EU, O OUTRO, O NÓS: UMA INTERFACE DA BNCC DA EDUCAÇÃO INFANTIL COM A DIVERSIDADE

     

    Eliane Fernandes Gadelha Alves - PPGEd/UFCG (elianegadelhaalves@bol.com.br)

    Mirtes Aparecida Almeida Sousa - PPGEd/UFCG (mirtes222@hotmail.com)

    Dr. Dorivaldo Alves Salustiano - PPGEd/UFCG (dorivaldo.salustiano@gmail.com)

     

                                                                                                          

    1.    Introdução

    A Base Nacional Comum Curricular constitui-se de um documento normativo, que “define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.” (BRASIL, 2017, p. 5).

    A BNCC da Educação Infantil foi estruturada em campos de experiência e neste trabalho pretendemos destacar o campo “O eu, o outro, o nós”, objetivando fazer uma interface com a diversidade (RODRIGUES e ABRAMOWICZ, 2013).

     

    2.      Metodologia

    A metodologia do nosso estudo envolve análise documental e bibliográfica (MOREIRA; CALEFFE, 2008) do texto final da BNCC com foco na Educação Infantil.

     

    3.    “O eu, o outro, o nós”: Reflexões sobre a diversidade

    A partir dos direitos de aprendizagens e desenvolvimento da criança, a BNCC da Educação Infantil estabelece para esse nível de ensino cinco campos de experiências, significando “um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2017, p.38). Dentre esses campos de experiência podemos destacar “O eu, o outro, o nós” e sua relação com os aspectos da diversidade.

    A diversidade tem sido, atualmente, uma tema discutido com muita frequência em vários âmbitos, fazendo parte, inclusive, das agendas governamentais no contexto nacional e internacional. Diversos autores (ABRAMOWICZ; RODRIGUES; CRUZ, 2011; GOMES, 2007; ARROYO, 2014) têm estudado essa temática demonstrando ser esta uma área complexa e desafiadora, que suscita várias disputas conceituais e posicionamentos.

    A BNCC no campo de experiência O eu, o outro, o nós, traz em evidência a discussão da diversidade na educação infantil, explicitando que é

     

    preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos (BRASIL, 2017, p. 38).

     

    Ao eleger este campo de experiência para a educação infantil, a BNCC faz emergir a necessidade das interações, da construção do conhecimento levando em consideração o aprender a partir da mediação com os seus pares, com os objetos simbólicos e culturais e com as experiências que permeiam o universo infantil.            Em se tratando de currículo, Silva (2005, p.46) vai nos dizer que “a seleção que constitui o currículo é o resultado de um processo que reflete os interesses particulares das classes e grupos dominantes”. Compreender porque determinados conhecimentos foram selecionados e não outros é importante para não limitarmos o currículo a um conjunto de elementos neutros e desinteressados.

    Nesse sentido, podemos pressupor que a BNCC ao enfocar nesse campo de experiência a diversidade, trata-la-á, a partir de uma abordagem conciliatória, apaziguadora, reproduzindo o discurso dos organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO (2002), que busca responder as demandas da diversidade na perspectiva da conciliação e da inexistência dos conflitos, levando para a escola o discurso da empatia e tolerâncias às diferenças.   

                                                    

    4. Resultados

    A diversidade tratada na BNCC no campo de experiência “O eu, os outros, o nós”, evidencia uma abordagem retórica e celebratória disseminadas nos discursos acadêmicos, políticos e nas agências governamentais, que pouco contribui para a redução dos estereótipos e discriminações presentes no contexto escolar. Nesse sentido, Rodrigues e Abramowicz (2013) ressalta que o uso indiscriminado da diversidade pode causar um esvaziamento conceitual e ofuscamento das desigualdades.

    Apesar da argumentação em torno do respeito e valorização das diferenças na BNCC, há adequações curriculares com ênfase nos conhecimentos essenciais e universais que desconsidera a diversidade das crianças.

     

    Referências

    ABRAMOWICZ, Anete; RODRIGUES, Tatiane Cosentino; CRUZ, Ana Cristina Juvenal da. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea. São Carlos, 2011, n. 2. p. 85-97. Disponível em: <http://www.contemporanea.ufscar.br/ index.php/contemporanea/article /download/38/20>. Acesso em: 10 de jan. 2016.

    ARROYO, Miguel Gonzalez. Outros Sujeitos, Outras Pedagogias. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

    BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: http://basenacionalcomum. mec.gov.br. /site/base/. Acesso em: 10 de julho de 2017.

    GOMES, Nilma Lino. Indagações sobre currículo: diversidade e currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

    MOREIRA, Herivelto e CALEFFE, Luiz Gonzaga. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. 2 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

    RODRIGUES, Tatiane C. & ABRAMOWICZ, Anete. O debate contemporâneo sobre

    a diversidade e a diferença nas políticas e pesquisas em educação. Educação e Pesquisa. São Paulo, jan.-mar. 2013, v. 39, n. 1, p. 15-30. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v39n1/v39n1a02.pdf . Acesso em: 11 de set. 2016.

     

    SILVA. Tomás Tadeu da. (org). Documento de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

    UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Paris: UNESCO. 2002.

     

  • Palavras-chave
  • Educação infantil, BNCC, diversidade
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • GT 1: Currículo na Educação Infantil
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  • GT 1: Currículo na Educação Infantil
  • GT 2: Culturas Infantis
  • GT 3: Educação Infantil do Campo
  • GT 4: Práticas Pedagógicas na Educação Infantil
  • GT 5: Infância e Educação Especial
  • GT 6: Corpo, Brinquedos e brincadeiras no cotidiano da Educação Infantil

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IV Seminário EI

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