Introdução
Esse trabalho apresenta ações do projeto de extensão intitulado “Interações de linguagem e cultura lúdica da infância na Educação Infantil” desenvolvido no âmbito do Programa de Extensão da Universidade Federal da Paraíba. Nosso objetivo é discutir sobre a experimentação estética na Educação Infantil a partir da experimentação de materiais como possibilidade de criação. O lócus de desenvolvimento do trabalho foi uma sala de aula de Educação Infantil de uma escola do campo localizada do município de Bananeiras - PB.A análise aborda uma reflexão sobre o conceito de experiência em Larrosa (2001) e experimentação estética na Educação Infantil, tendo como referência os estudos sobre arte na infância desenvolvidos por Stela Barbieri (2012). A discussão sobre experiência e experimentação no contexto da Educação Infantil no momento atual de implementação da Base Nacional Comum Curricular, apresenta uma relevância referente a compreensão dos campos de experiência, proposição indicada no documento para organização do currículo da primeira infância.
Fundamentação teórica
A organização do currículo da Educação Infantil na BNCC (BRASIL, 2017) tem como proposição cinco campos de experiência. A configuração desses campos mantém uma aproximação mais existencial com as infâncias e de suas formas de produzir cultura. As experimentações estéticas se constituem nessa proposição curricular uma possibilidade de formulação de conhecimentos e novas experiências construídas por meio da exploração e criação de materiais que ultrapassa a compreensão da manipulação de um objeto físico, sendo pensada enquanto relação vivencial da pessoa com o mundo e consigo mesma. Larrosa (2001), ao fazer uma reflexão sobre a experiência e a emoção, afirma que “a experiência não é o que passa ou o que acontece, mas o que “me” passa e acontece “comigo”, algo que “me” afeta”, ou seja, pressupõe um acontecimento que toca o sujeito. Na dimensão estética, as experiências devem valer-se desse sentido, de buscar tocar ao mesmo tempo que desperta no íntimo da criança o potencial para a expressão e a criação.
Referente a essas relações, é preciso que se compreenda a experimentação estética das crianças como um processo que tem um fim em si mesmo, ou seja, o objetivo de tais ações não é a produção de um objeto artístico específico, mas, a expressão corporal, a busca por materiais, a sensação das diversas texturas na pele, o movimento de apreciação. Para isso, é preciso que se pense todo o processo, desde a ambientação do espaço à disponibilidade de materiais diversificados. (BARBIERI, 2012).
Metodologia
A proposta de experimentação de materiais desenvolvida no Projeto de extensão foi elaborada a partir das observações feitas no contato direto com as crianças e com a organização do trabalho pedagógico realizado pelas professoras. Exercitando a escuta sensível, concebida por Barbier (2007), como um processo que exige a sensibilidade de todos os sujeitos envolvidos numa pesquisa, apoiando-sesobretudo na empatia, ou seja, compreendendo o outro a partir dele mesmo. Nessa perspectiva, passamos a conversar e brincar com as crianças objetivando a construção de uma relação que nos possibilitasse perceber o universo de experimentações que faziam parte de suas vivências cotidianas na escola e especificamente na sala de aula, cujo trabalho pedagógico está organizado a partir de uma rotina diária que envolve o estudo de temas por projetos.
Identificamos que que as crianças gostavam de modelar e de pintar, mas que essas ações eram limitadas ao uso de um campo restrito de materiais que se encontravam dispostos na sala e a brincadeira com areia molhada vivenciada no parque. A partir dessas observações propusemos por meio de oficinas a experimentação de materiais diversificados. Organizamos sequências de atividades que contemplavam a modelagem, pintura, colagem e expressão corporal proporcionando a experiência com texturas, tamanhos e formas diferenciadas. As oficinas tinham uma proposta de experimentação na qual as crianças pudessem estar em contatocom materiais comumente dispostos na sala como a massa de modelar e a tinha, quanto com novos materiais como a argila, tipos diferenciados de papel, pedaços de tecido, entre outros.A proposição das oficinas inferiu no ambiente da sala de aulatransformando-o em um espaço de experimentação e criação.
Resultados
A experimentação estética nesse processo envolve um encontro com a arte e amplia as possibilidades de organização do currículo da Educação Infantil. Percebemos ao final das oficinas que muitas daquelas crianças nunca tinham experimentado a modelagem com argila ou utilizado a tinta com a liberdade de escolha sobre os suportes que materializavam seus desenhos e misturas. Entre esses suportes escolhidos estava o próprio corpo. O fato marcante foi a possibilidade de identificarmos como a experiência é algo único. Enquanto umas das crianças descobria no seu corpo um espaço de expressão para pintura, uma outra chorou porque havia sujado os dedos, e isso só afirma o quanto a experiência afeta pessoas de maneiras e intensidades diferentes. Dessa forma, além do trabalho com as dimensões estéticas, também foi possível perceber relações íntimas da personalidade e vivência de cada criança, conhecendo-as a partir do que elas expressam na ação experiencial. A experimentação desses materiais permitiu a cada criança a vivência de um momento único de descobertas de mundo e de sua própria natureza, em meio aos encontros e afetosque foram sendo experimentados.
Referências
BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância? São Paulo, BLUCHER, 2012. (coleções interações)
BARBIER, René. A pesquisa- ação. Brasília: líber Livro Editora, 2007.
BNCC, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. – Brasília: Senado Federal, coordenação de edições técnicas, 2017.
LARROSA, Jorge. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas, Belo horizonte: Autêntica, 2001.
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1. Objeto de estudo
2. Objetivo geral
3. Referencial teórico
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5. Resultados
6. Referências
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IV Seminário EI
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