A sensibilidade dos infantes no processo de adaptação
Maria Suelha Nunes Marcelino. suelhanunes@Yahoo.com
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa monográfica concluída cujo objetivo foi o de compreender as emoções das crianças durante o processo de “adaptação” na educação infantil em uma turma de infantil I de uma escola do sistema particular de ensino do município de Campina Grande - Paraíba. A pesquisa norteou-se pelos seguintes questionamentos: O que os corpos infantis expressavam aos adultos durante esse processo? Quais sentimentos a criança tinha ao chegar na instituição de educação infantil? Buscando responder essas indagações nos propomos a construir uma relação dialógica entre essas diversas culturas, através de estudo etnográfico e fenomenológico, investigando como ocorrem as emoções dos infantes enquanto sujeitos envolvidos no processo de “adaptação”, na perspectiva de compreender os sentimentos e as expressões corpóreas mostrados pelas crianças no cotidiano da educação infantil nos primeiros dias de sua inserção. Para a coleta de dados utilizamos observações livres em sala de aula, fizemos uso do diário de campo para registros diários de como as crianças eram recebidas, das suas reações e comportamentos diante da ação da professora. Também adotamos a técnica de entrevista semiestruturadas, para a escuta da professora e o demais envolvidos.
Ao iniciar a sua inserção nas instituições de educação infantil, a criança passa a frequentar um ambiente diferente da sua casa e desconhecido por ela. Esses sujeitos protagonistas do processo de “adaptação” trazem para a instituição de educação infantil crenças construídas no cotidiano familiar e outras próprias da experiência de infância que acreditam ser verdadeiras. Ao entrarem o espaço escolar as crianças se deparam com outras culturas, isso gera um processo de estranhamento. Uma série de novos e desafiantes relacionamentos, para além dos vínculos familiares, entra em cena no dia a dia dessas crianças.
O momento da entrada da criança em instituições de educação infantil delicado e, por algumas vezes doloroso para os que ali estão envolvidos, seja para a professora, para os familiares e sem dúvidas para a criança, que na maioria das vezes não escolheu a escola e muito menos ir para ela, sendo uma escolha dos seus pais.
Os primeiros dias das crianças nas instituições de educação infantil para algumas crianças pode ser permeado por sentimentos de angústias, medos, raivas, choros. Esses podem ser entendidos mediante a compreensão corpórea dos infantes, para tanto, utilizamos dos pressupostos teóricos da fenomenologia do corpo, que procura descrever as emoções reais, não no corpo pelo corpo, mas o corpo de sentido na coletividade. As emoções acontecem no grupo de pertencimento, cada sujeito ator emana emoções que provoca o outro. Trabalharemos nessa perspectiva de analise dialógica também com as emoções corporais fundamentada na teoria Walloniana.
Wallon (1975, apud CERISARA, 2010, p.09) defende que a emoção está entendida como um estado do qual participam o organismo e o cognitivo, mas ligado ao corpo, por exemplo: medo, cólera, timidez, para depois trabalhar o afetivo. O autor afirma que a emoção é a forma através da qual a criança mobiliza o outro para atende-la em seus desejos e necessidades, estas têm, portanto, um valor prático e demonstrativo significando a realização mental das funções posturais e tirando delas impressões para a consciência.
Galvão (1995, p. 57) afirma que as emoções são manifestações de natureza paradoxal, encontram-se na origem da consciência, operando a passagem do mundo orgânico para o social, do plano fisiológico para o psíquico. É comum se dizer empiricamente que emoção e afetividade têm o mesmo significado, todavia, Wallon (1989, apud GALVÃO, 1995, p.61) defende que:
[...] “A afetividade é um conceito mais abrangente no qual se insere várias manifestações. E as emoções possuem características especificas que as distinguem de outras manifestações da afetividade. São sempre acompanhadas de alterações orgânicas”. [...] “provocam alterações na mímica facial, na postura, na forma como são executados os gestos”.
Podemos dizer a partir deste pressuposto que fatores como separação da mãe, conquista do ambiente, das pessoas, permanência na instituição, são fatores que podem angustiar as crianças de modo geral, colocando-as frente a situações de estranhamento. As crianças da nossa pesquisa, em sua maioria não dominavam o discurso, se expressavam através do seu próprio corpo, emanando emoções intensas durante aquele período. A fenomenologia do corpo corroborou com nosso estudo e apontou que o corpo fala através de expressões que os infantes emitem durante o processo de “adaptação. Neste cenário educacional vimos às expressões como códigos de comunicação entre as crianças que chegavam à escola pela primeira vez e o adulto envolvido que buscava interpretar, compreender as expressões e sentimentos, ou seja, as sensibilidades dos infantes ali demonstradas nesse momento de chegada.
Constatamos através do estudo mediante situações de reação emocional das crianças como: agarrar nas pernas dos familiares, se esconderem atrás dos mesmos, a ira, o choro, o chamado pela mãe e ou pai, que durante seu ingresso ao adentrar em um lugar completamente desconhecido, demostrou não querer ficar na escola. Pensamos que o adulto deve olhar o infante como um ser completo e não fragmentado, dentro de suas especificidades, respeitando seus sentimentos e suas sensibilidades, principalmente nesse momento de acolhida.
Referencias
CERISARA, Ana Beatriz. A psicologia de Wallon e a educação infantil. Santa Catarina: UFSC, 2010. Disponível em: http://www.ced.ufsc.br/~Enee0a6/artnee.html. Acesso em 20 de out. de 2010.
LE BRETON, David. A Sociologia do Corpo. Tradução de Sonia M. S. FUHRMANN. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
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