Introdução: A insegurança alimentar é um problema global que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive aquelas que fazem hemodiálise. Pacientes com insuficiência renal crônica que se submetem à hemodiálise têm necessidades nutricionais específicas que devem ser atendidas para garantir o sucesso do tratamento. No entanto, a insegurança alimentar pode impedir que esses pacientes obtenham os nutrientes necessários para manter sua saúde e bem-estar. No presente estudo, discutiremos os desafios enfrentados pelos pacientes com insuficiência renal crônica em relação à insegurança alimentar, os impactos na sua saúde e bem-estar e as possíveis soluções para enfrentar esse problema (Gravlee CC, 2022). Objetivo: O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o desfecho clínico e a insegurança alimentar e nutricional de pacientes em hemodiálise/HD de uma clínica em Fortaleza - CE. Metodologia: O estudo foi executado com uma divisão em 2 fases: Na 1ª foram realizadas medidas antropométricas e avaliação da sarcopenia; na 2ª, 6 meses após, registrou-se o desfecho clínico e foi aplicada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, que mede a percepção e vivência de fome a nível domiciliar. Nesse caso, foram incluídos adultos e idosos com DRC, em HD>3 meses. Os parâmetros utilizados foram as variáveis antropométricas (coletadas após HD, no membro oposto à fístula): índice massa corporal/IMC, perímetro cintura/PC, pescoço/PP, abdominal/PA, razão cintura-estatura/RCE, perímetro muscular do braço/PMB, área muscular do braço corrigida/AMBc, perímetro da panturrilha/PPP, espessura do músculo adutor do polegar/EMAP. Para medir a força muscular utilizou-se a força de preensão manual (FPM), aferida com dinamômetro manual. Para a sarcopenia foi utilizado teste de Ishii. A coleta de dados ocorreu após a aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Unifametro com parecer nº 3.623.705. A análise estatística foi realizada por meio do teste t de Student e qui quadrado de Pearson utilizando o Programa SPSS. Resultados e discussões: Na 1ª fase do estudo foram incluídos 73 pacientes. Como desfecho clínico, após 2 anos, observou-se que 21 pacientes (28,8%) faleceram, 6 (8,2%) transplantaram e 2 (2,7%) foram transferidos. Dos 44 pacientes ativos, 1 (2,3%) apresentou Covid19 e 12 (27,3%) IAN. A amostra foi dividida em 2 grupos: pacientes que faleceram (GR1, n=21) e pacientes vivos (GR2, n=52). Realizou- se as análises clínicas e nutricionais prévias e foi observada diferença estatística para tempo HD (62,47±41,51, 75,57±66,77meses, p=0,048) e AMBc (32,09±45,24, 60,29±83,24cm2, p=0,027) nos GR1 e GR2, respectivamente. Para as demais variáveis analisadas (idade, IMC, PC, PA, PP, RCE, PPP, PMB, EMAP, FPM) não houve diferença significante entre os grupos. No GR1 houve 16 (76%) casos de dinapenia, condição que define a perda de força dos músculos com o passar da idade, que caracteriza-se quando se demonstra uma baixa FPM. E 12 (57%) de sarcopenia, que significa uma perda considerável de massa muscular em decorrência ao processo natural de envelhecimento (Susantitaphong P, 2021). É intensificada à medida que a composição corporal do indivíduo apresenta mudanças, como a redução da massa magra e a elevação da concentração de adiposidade no meio intra abdominal, essa condição é diagnosticada pelo teste de Ishii (Foster MW, 2022; Levey AS, Coresh J, Tighiouart H, Greene T, Inker LA, 2020). No GR2, 25 (48%) casos de dinapenia e 22 (42%) de sarcopenia. Pela análise do qui quadrado não houve correlação entre ocorrência de óbito com a idade (X2 = 37,620; p=0,808), tempo HD (X2 = 27,616; p= 0,533), dinapenia (X2= 0,852; p=0,356) e sarcopenia (X2 = 0,364; p=0,546). Conclusão: Ao fim da realização do estudo, foi possível observar uma elevada taxa de mortalidade e IAN. Os pacientes que viera a óbito apresentaram menor AMBc e tempo HD, porém não houve correlação do óbito com idade, tempo HD, dinapenia e sarcopenia. A insegurança alimentar é uma questão preocupante, especialmente entre pacientes em hemodiálise. A alimentação inadequada pode levar a um aumento da mortalidade, uma vez que a nutrição desempenha um papel importante na saúde dos pacientes em hemodiálise. A falta de acesso a alimentos saudáveis, a dificuldade em aderir a uma dieta restritiva e as limitações financeiras podem contribuir para a insegurança alimentar. Para reduzir a mortalidade entre pacientes em hemodiálise, é crucial abordar a insegurança alimentar e garantir o acesso a alimentos saudáveis e nutricionalmente adequados (Jha V et al, 2022). É necessário um esforço conjunto dos profissionais de saúde, governos e organizações não-governamentais para enfrentar essa questão complexa e melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes em hemodiálise.
Comissão Organizadora
Isadora Nogueira Vasconcelos
Camila Pinheiro Pereira
Alane Nogueira Bezerra
Roberta Freitas Celedonio
Thalita Rodrigues
Leonardo Furtado de Oliveira
Fábio Júnior Braga
Comissão Científica