Introdução: O comportamento alimentar é influenciado por diversos fatores, que quando negativos, impulsionam os indivíduos a terem uma relação disfuncional com o alimento, problemática relacionada com o aparecimento de doenças, como a obesidade e desnutrição. Assim, para evitar o surgimento de disfuncionalidades no comportamento alimentar e posteriores impasses no estado nutricional, os estudos buscam compreender os aspectos formadores da atitude alimentar, destacando entre eles o meio externo, que exerce forte influência na relação entre comida e comportamento. A ação desse meio se inicia ainda na infância, durante o poder da família na formação do comportamento alimentar das crianças, o qual será levado para todas as outras fases da vida, pois é a partir da relação com os pais que as crenças e atitudes acerca do alimento e do ato de comer são moldados inicialmente. Objetivo: Analisar como o âmbito familiar exerce influência na formação do comportamento alimentar das crianças, a partir de uma revisão da literatura. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, desenvolvida a partir das seguintes bases de dados: PubMed, LILACS e Scielo. Em cada uma, foi realizada uma busca de artigos publicados entre 2020 a 2023, nos idiomas inglês, espanhol e português, a partir do cruzamento dos descritores “children’s”, “feeding behavior”, “family” e “parents”. Por fim, foram utilizados 6 artigos sobre o tema. Resultados e discussão: A revisão de literatura expõe que os pais influenciam no comportamento alimentar dos filhos de diversas formas: pela maneira que eles conduzem a alimentação dos filhos, e ao terem seu hábito alimentar refletido na alimentação dos filhos. Foi analisado crianças a partir de 2 anos, de classes sociais distintas e de ambos os sexos, expondo a prevalência dessa influência, seja negativa ou positiva, em todas as relações familiares. Em um dos estudos, mostrou-se a relação entre o estado nutricional dos pais e a dos filhos: crianças com pais com sobrepeso e obesidade eram mais propensas a terem o mesmo diagnóstico. De modo complementar, outra pesquisa mostrou a ligação entre as preferências alimentares dos responsáveis com a dos filhos, expondo a influência dos hábitos alimentares dos pais na das crianças. Ademais, foi mostrado que muitos pais faziam uso de incentivos negativos para fazerem as crianças comerem: chantagens emocionais, mais realizadas pela mãe em comparação ao pai; punições e recompensas, as quais estavam ligadas ao maior consumo de industrializados. Esse fator, assim como práticas de restringir a alimentação das crianças, desencadeava o comer emocional, desregulando as percepções de fome e saciedade e propiciando problemáticas como a obesidade. As pesquisas relataram o poder dos pais em ditarem como a refeição será feita (em família, assistindo televisão etc.), sendo que, no Brasil, mais da metade das crianças faziam suas refeições enquanto usava algum aparelho tecnológico. Considerações finais: Pode-se concluir que existe influência dos pais no comportamento alimentar dos filhos, as quais poderiam ser positivas ou negativas dependendo da forma com que a família lida com os aspectos referentes a comida e ao ato de comer. Quando os pais conduziam a alimentação de modo incorreto e transmitiam para as crianças hábitos alimentares ruins, os filhos eram mais propensos a desenvolverem comportamentos alimentares disfuncionais, propiciando o aparecimento de impasses no estado nutricional. Todavia, os estudos à longo prazo são escassos, trazendo à tona a necessidade de pesquisas que acompanhem o desenvolvimento do comportamento alimentar.
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