O IMPACTO DA NUTRIÇÃO NAS COMPLICAÇÕES DO PÉ DIABÉTICO: uma revisão de literatura

  • Autor
  • LARA GISELA SANTOS JERÔNIMO
  • Co-autores
  • ÉRICA CARINE BESSA DIÓGENES , RAQUEL TEIXEIRA TERCEIRO PAIM
  • Resumo
  • Introdução: O diabetes mellitus (DM) é um grupo de doenças caracterizado pelas altas concentrações de glicose sanguínea decorrentes de defeitos na secreção, na ação da insulina ou ambos. De acordo com dados epidemiológicos da International Diabetes Federation (IDF) equivalente a 2019, no Brasil, o número de pessoas de 20 a 79 anos com DM correspondia a 16,8 milhões, sendo a 3° maior causa de morte no país em 2017. A prevalência de diabetes é alta em todo o mundo, acarretando uma incidência crescente de complicações nos pés, incluindo infecções (SBD, 2022). Diante das diversas complicações crônicas associadas ao diabetes mellitus, o pé diabético é recorrente e associado à morbidade, mortalidade e custos expressivos no âmbito da saúde coletiva e individual. Essa complicação engloba uma série de condições médicas, principalmente resultantes da neuropatia periférica e da doença arterial, que podem levar à ulceração do pé e progredir com infecção da ferida, osteomielite e, por fim, a amputação (TOSCANO et al., 2018). Tal acometimento é caracterizado por infecções subjacentes, processo inflamatório, ulcerações e/ou destruição dos tecidos profundos, associados a desequilíbrios neurológicos, diversos graus de doença vascular periférica nos membros inferiores e descontrole glicêmico, trazendo declínio importante da qualidade de vida do indivíduo (JBV, 2021). Estima-se que 19 a 34 % das pessoas diabéticas poderão desenvolver úlceras nos pés, e na maioria dos casos, as infecções podem ser difíceis de serem controladas. Nos casos de infecção no pé de intensidade moderada a grave, o paciente tem 20% de risco de amputação (BECHARA et al., 2021; FERREIRA, 2020). Diante dessas alterações, estratégias que minimizem os efeitos pró-inflamatórios da doença podem corroborar potencialmente para redução do risco de complicações decorrentes. Dessa forma, estudos tem apontado um importante impacto que a nutrição pode exercer sobre o manejo da inflamação, que é uma etapa fundamental no tratamento da ferida (BASIRI et al., 2022). Objetivo: Investigar na literatura científica o potencial impacto da nutrição nas complicações do pé diabético. Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica, com busca por artigos nas bases de dados SciELO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Os critérios de inclusão foram pesquisas com estudos em indivíduos com diabetes e úlceras no pé (pé diabético), publicados na língua inglesa, portuguesa e espanhola, com recorte temporal de 2018 a 2023. Utilizou-se as palavras-chave “Diabetes mellitus”, “Pé diabético”, “Intervenções nutricionais” e “Alimentação”. Excluiu-se artigos duplicados ou que fugissem da temática eixo.  Resultados: Em indivíduos acometidos pelo diabetes, o sistema imune é mais delicado do que em pessoas sem a patologia, isso porque a hiperglicemia prejudica de forma direta a fagocitose, quimiotaxia e a atividade leucocitária, levando inclusive ao desequilíbrio das células imunes como neutrófilos e monócitos, prejudicando a cicatrização da ferida ocasionando inflamação e estresse oxidativo (MATIJEVIC et al., 2023). A terapia nutricional orientada por profissional capacitado se torna relevante nesse processo, em vista de que, um direcionamento adequado de estratégias alimentares e/ou suplementares que contribuam para a manutenção da homogeneidade da glicemia, pode corroborar para a minimização dos prejuízos decorrentes da patologia, ou mesmo na redução da velocidade de aparecimento de tais desfechos (SBD, 2022). Pesquisas apontam que a ingestão energética inadequada de macronutrientes como as proteínas, além de micronutrientes como zinco, vitamina C, vitamina A e Vitamina D, podem desfavorecer o processo de cicatrização, pois são componentes essenciais para o reparo tecidual (DONELLY et al., 2022; PENA et al., 2019). Em se tratando da cicatrização, a vitamina C exerce um papel essencial, uma vez que, exerce relevante papel na fase de proliferação da cicatrização de feridas desde a migração inicial de neutrófilos, apoptose celular a maturação do colágeno, visto que é um cofator na hidroxilação de lisina e prolina em moléculas de colágenos, possibilitando maior resistência desta proteína recém-formada, evitando o rompimento das feridas (BECHARA et al., 2021). O estudo de Uckay et al. (2022) destaca uma associação inversa entre desnutrição e a capacidade de cicatrização do pé diabético. Nesse intermédio, a intervenção nutricional por um profissional nutricionista durante a internação, garantiu um menor período de estadia hospitalar e de terapia medicamentosa. A função imunológica, controle glicêmico, controle de peso e a capacidade física são fatores que tem relação direta com a cicatrização de feridas, e que a nutrição pode atuar de forma positiva. Ainda, uma nutrição adequada está associada à redução geral da mortalidade por todas as causas entre os pacientes com úlceras do pé diabético e com comorbidades múltiplas. Pena et al. (2019) avaliaram o status de micronutrientes em pacientes diabéticos com úlceras nos pés e concluiu que a deficiência de micronutrientes importantes, como as vitaminas A, C, D e o zinco para a cicatrização é comumente presente neste público. Os níveis de micronutrientes essenciais nem sequer aproximavam-se da recomendação, trazendo uma maior dificuldade no tratamento da ferida. Esse estudo corroborou com os dados de Basiri et al. (2022), que evidenciaram uma ingestão reduzida de micronutrientes e de proteínas em pacientes obesos e sobrepesos, com úlceras do pé diabético. Além dos benefícios na cicatrização, a ingestão aumentada de proteínas e a quantidade adequada de micronutrientes podem ter efeitos positivos na regulação do apetite e na diminuição do desejo por açúcar e doces. Bechara et al. (2021) constataram por intermédio de uma revisão de literatura que a suplementação de vitamina D, vitamina C e as vitaminas do complexo B podem auxiliar no processo de cicatrização das feridas nos pés, desde que em doses seguras e dentro do limite máximo da ingestão diária, devendo ter o acompanhamento médico e nutricional. Considerações finais: As deficiências nutricionais podem corroborar para alterações deletérias do diabetes, aumentando os riscos de complicações como o pé diabético. A nutrição adequada, e bem orientada, auxilia em assertiva e mais rápida cicatrização das úlceras do pé diabético, assim como na redução dos níveis de inflamação oportunizadas pela doença. As proteínas e os micronutrientes como vitaminas A, C e D e minerais como o zinco e o cobre, em níveis adequados, favorecem a melhora do quadro da ferida, menor tempo de internação, proporcionando coadjuvantemente, um tratamento eficaz.

  • Palavras-chave
  • “Diabetes mellitus”, “Pé diabético”, “Intervenções nutricionais” e “Alimentação”.
  • Modalidade
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  • Nutrição Clínica
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