Introdução: A composição da dieta tem papel fundamental no desenvolvimento de algumas doenças, como o padrão ocidental que é rico em alimentos com elevada densidade calórica, gordura saturada, carboidratos refinados e proteína animal, e está diretamente relacionado com a prevalência de doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade. Por outro lado, a dieta do mediterrâneo, rica em vegetais, frutas, proteína vegetal e gorduras insaturadas, é associada às mudanças benéficas em marcadores cardiometabólicos, como também aumento de respostas anti-inflamatórias. A maior ingestão de frutas e vegetais, fornece mais compostos bioativos, como polifenóis e flavonoides, que são capazes de alterar a microbiota intestinal, que por sua vez, podem influenciar os níveis séricos de aminoácidos de cadeia ramificada, estando comumente elevados em obesos e em pacientes resistentes à insulina. Em virtude do contexto exibido, foi sugerido que a dieta do mediterrâneo poderia afetar a microbiota intestinal em indivíduos com obesidade. Objetivos: Revisar na literatura se há evidências sobre a dieta do mediterrâneo e microbiota intestinal em indivíduos com obesidade. Métodos: O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura com a coletânea de dados realizada nos repositórios da Scielo e da Pubmed durante o mês de abril de 2023. Para a pesquisa, foram utilizados os seguintes descritores em ciências da saúde: “Obesity”, “Mediterranean”, “Gastrointestinal Microbiome” e “Microbiot”, os quais foram combinados com o operador booleano “AND”. Adotou-se como critérios de inclusão o período de publicação ser entre 2018 e 2023, na língua inglesa ou portuguesa, e estudos randomizados com adultos obesos. Além disso, foram excluídos artigos de revisão, dissertação, monografia, tese e que não avaliavam o efeito da dieta do mediterrâneo sobre a microbiota. Resultados: Foram selecionados 5 artigos do tipo ensaio clínico randomizado, com amostra de participantes variando entre 24 a 400 indivíduos, do sexo masculino e feminino, e duração de intervenção entre 8 semanas a 1 ano. Os estudos analisados foram todos publicados na língua inglesa no período de 2020 a 2022. Um deles foi realizado com 294 participantes com obesidade, que foram randomizados em três grupos de intervenção: diretrizes dietéticas saudáveis (aconselhamento nutricional padrão baseado na ciência), dieta mediterrânea (MED) e dieta Mediterrânea Verde (Green-MED). Os dois grupos MED e Green-MED foram suplementados com 28g/dia de nozes, porém o grupo Green-MED também recebeu diariamente chá verde e planta aquática Mankai. O grupo da que recebeu a Green-MED foi associado a alterações no microbioma específicas, incluindo aumento no gênero Prevotella e reduções de Bifidobacterium, e essas mudanças associaram-se ao peso corporal e redução do risco cardiometabólico. Outro estudo realizado em 8 semanas envolveu 82 indivíduos com obesidade, que foram randomizados para consumir MED adaptada quanto à energia e macronutrientes, ou para manter sua dieta habitual e analisadas as respostas sobre o microbioma intestinal. Levando a conclusão de que a mudança de uma dieta ocidental habitual para uma MED isocalórica, afeta a funcionalidade do microbioma, impulsionando uma resposta individualizada na melhoria da sensibilidade à insulina e inflamação. Em uma segunda pesquisa, que utilizou a mesma amostragem de participantes do estudo acima, os resultados mostraram que a adesão à MED pode remodelar o microbioma intestinal para um estado que promova a saúde metabólica e cardiovascular e aumentar a riqueza de genes da microbiota. Ademais, outros achados indicaram que a associação do padrão alimentar mediterrâneo com outras estratégias, como a suplementação de probióticos ou a restrição calórica acompanhada da realização de atividade física, influenciam positivamente a microbiota. Os resultados das pesquisas relacionadas a MED mostram que compostos bioativos, como polifenóis e flavonoides, influenciam o fortalecimento de bactérias benéficas, ocorrendo uma mudança positiva do microbioma intestinal e fortalecendo o organismo de modo geral. Assim, reduzindo os riscos cardiometabólicos, a resistência à insulina e a inflamação, que estão terminantemente ligadas à obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2. Conclusão: Os estudos encontraram que a adoção da dieta do mediterrâneo em adultos obesos resultou em efeito positivo na composição do microbioma devido ao aumento de bactérias benéficas e a redução da inflamação intestinal. Portanto, esses estudos sugerem que ela pode ser uma estratégia alimentar eficaz para melhorar a saúde do microbioma intestinal em indivíduos obesos.
Comissão Organizadora
Isadora Nogueira Vasconcelos
Camila Pinheiro Pereira
Alane Nogueira Bezerra
Roberta Freitas Celedonio
Thalita Rodrigues
Leonardo Furtado de Oliveira
Fábio Júnior Braga
Comissão Científica