A HIPERÊMESE GRAVÍDICA COMO FATOR DE RISCO PARA A SÍNDROME DE WERNICKE KORSAKOFF: UMA REVISÃO DE LITERATURA

  • Autor
  • SARA LOPES DA SILVA
  • Co-autores
  • RENATA CRISTINA MACHADO MENDES
  • Resumo
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    Introdução: A hiperêmese gravídica é um quadro grave de náuseas e vômitos que pode estabelecer na gestante acometida estado de desnutrição, desidratação e perda de peso. A Síndrome de Wernicke Korsakoff é a combinação de dois distúrbios neurológicos que tem como principais sintomas a desordem mental, perda de coordenação motora, movimento involuntário dos olhos e amnésia. Essa doença tem como fator de origem a deficiência de tiamina (vitamina B1). Objetivos: Descrever como o déficit de tiamina, proveniente da desnutrição causada pela hiperêmese gravídica, está relacionada com alguns casos da síndrome de Wernicke Korsakoff. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura, realizada através da análise de artigos publicados entre os anos de 2018 e 2023, no idioma inglês, selecionados na base de dados PubMed. Os critérios de inclusão estabelecidos foram o ano de publicação (últimos 5 anos), artigos que correspondessem a todos os descritores estabelecidos e que contemplassem o tema do presente artigo. Para a busca foram utilizados os seguintes decritores: Hyperemesis Gravidarum; Wernicke Korsakoff Syndrome; Thiamine. Ao todo foram encontrados 19 resultados, dos quais 9 foram selecionados como base para estudo. Resultados: Acometendo cerca de 3% das gestantes, a hiperêmese gravídica se apresenta na forma de náuseas e vômitos graves, tornando-se uma das principais causas de internação no primeiro trimestre de gravidez, devido a gravidade e ao estado clínico subsequente aos sintomas: desnutrição, desidratação, perda de peso, cetose metabólica e desequilíbrio hidroeletrolítico. Naturalmente, mulheres grávidas necessitam de um aporte maior de macro e micronutrientes para manutenção das funções corporais e para o desenvolvimento do feto. Uma das vitaminas que possui demanda aumentada é a vitamina B1 (tiamina), que está diretamente ligada ao metabolismo dos carboidratos, à síntese de neurotransmissores, além de estar presente em todas as células do corpo, sendo as células nervosas e cardíacas as mais afetadas quando ocorre déficit. A demanda aumentada de tiamina em gestantes associada a depleção causada pela hiperêmese gravídica pode ocasionar o surgimento da Síndrome de Wernicke Korsakoff. A Síndrome de Wernicke Korsakoff se divide em duas partes: fase aguda, caracterizada pela Encefalopatia de Wernicke, em que ocorre confusão mental, distúrbio de movimentos (desequilíbrio, desordenados) e paralisia ou fraqueza dos músculos oculares; e fase crônica, chamada Síndrome ou Psicose de Korsakoff, com sintomas de amnésia, alucinação e confabulação, sendo essa segunda patologia consequência da falta ou ineficiência do tratamento da Encefalopatia de Wernicke. A Síndrome de Wernicke Korsakoff tem como causa a deficiência de timina, acometendo principalmente alcoólatras (devido interferência do álcool na absorção de vitamina B1) e indivíduos que passam por longos períodos de desnutrição, como nos casos de AIDS, câncer, anorexia nervosa, doenças gastrintestinais e hiperêmese gravídica. O tratamento, que normalmente é realizado através da administração endovenosa de tiamina, deve ser feito o mais breve possível pois, enquanto se está no estágio inicial, ou seja, na Encefalopatia de Wernicke, a suplementação de tiamina consegue reverter o quadro clínico, porém quando o quadro se agrava e a Psicose de Korsakoff se estabelece os danos neurológicos são irreversíveis, sendo a suplementação apenas um freio para a diminuir a progressão da patologia. Estudos mostram que a deficiência de tiamina resulta em óbito de 20% dos casos e quadro de problemas cognitivos em 68% dos indivíduos acometidos. Em grávidas estudos recentes mostram taxa de óbito materno de 5% e mortalidade fetal de 50%. Por não haver um protocolo oficial para o tratamento da síndrome de Wernicke Korsakoff, não existe uma conduta única para a administração da tiamina, sendo a recomendação de via de administração e dosagem diferente de autor para autor. A via utilizada pode ser endovenosa e intramuscular, no período de internação, e via oral após alta. Em alguns estudos a quantidade de tiamina inicial foi igual ou maior que 200 mg/dia e com a melhora dos sintomas a dosagem reduziu pra 100 mg/dia. Outros estudos estabeleceram a quantidade de 100 mg/dia durante todo o período de tratamento. Por via oral o valor de 100 mg/dia é o mais comum de ser utilizado. O tempo de tratamento com a suplementação de tiamina também varia entre os estudos, sendo o tempo mínimo 20 dias. Conclusão/Considerações finais: A hiperêmese gravídica se relaciona a Síndrome de Wernicke Korsakoff devido ao estado de desnutrição provocado, que diminui a oferta de tiamina no organismo. Além disso, os sintomas da deficiência de tiamina podem ser camuflados pela hiperêmese gravídica, dificultando o diagnóstico da doença. Se não corrigida, a síndrome pode evoluir para o estado de coma e morte do paciente. O tratamento baseia-se na administração de tiamina, de forma parenteral (venosa ou intramuscular) quando a paciente se encontra internada, e oral após alta hospitalar. A dosagem e tempo de tratamento varia de acordo com cada caso, tendo em vista que não existe um protocolo ou conduta oficial para o tratamento da Síndrome de Wernicke Korsakoff em gestantes.

     

  • Palavras-chave
  • Hiperêmese Gravídica, Wernicke Korsakoff, Tiamina
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Nutrição Clínica
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