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Introdução
A utilização de ferramentas tecnológicas na educação tem possibilitado ressiginificar nossas práticas pedagógicas. De acordo com Bairral (2014), as tecnologias digitais móveis, sendo eles celulares com touchscreen, notebooks, tablets e iPads, fazem parte do cotidianos da maioria dos nossos estudantes. Nesse cenário, a partir de Bairral (2014), temos defendido a interação “corpo-mídia-matemática” em processos de ensino e de aprendizagem, o que, inevitavelmente, nos leva a assumir que o corpo tem sua importância no processo de produção de conhecimento, de forma que os gestos executados na relação com o outro e nesses ambientes tecnológicos nos forneçam indícios de processos epistêmicos.
Sendo assim, este trabalho tem como temática: “Ensino e aprendizagem na perspectiva corpo-mídia-matemática” e busca responder a seguinte questão: como analisar os gestos presentes na interação com dispositivos digitais móveis com toques em tela que possam revelar processos epistêmicos? Portanto, nosso objetivo é apresentar reflexões sobre como interpretar esses gestos, destacando alguns conceitos inerentes a gestos e perspectivas de análise de gestos.
Desenhada como pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, tratá importantes reflexões nos campos de ensino e de aprendizagem a partir de interações com dispositivos digitais com toques em telas, promovendo a valorização dos gestos que estudantes produzem em sala de aula.
Nas mais diversas interações sociais, estamos em contato com diferentes modos de expressão e intercomunicação de conhecimento, em que gestos produzidos contribuem para revelar nossos pensamentos. Goldin-Meadow (2005) afirma que gestos se referem aos movimentos das mãos que estão diretamente ligados à fala, como “[...] bater o ritmo da fala, apontar referentes da fala ou explorar imagens para elaborar o conteúdo da fala” (GOLDIN-MEADOW, 2005, p. 4, tradução nossa).
Considerando que a escola se constitui como importante espaço de interações sociais e que há produção de conhecimento na interação “sujeito-mídia-matemática” e “sujeito-sujeito”, temos nos dedicado a estudar formas de analisar os gestos que possam revelar processos epistêmicos, quando produzidos nessas interações. No âmbito dos toques em telas, Bairral (2013) afirma que existem seis ações básicas dos dedos que o sistema reconhece e traça a localização de entrada (input) da ação do usuário na área do dispositivo: tapa (tap), como uma pancadinha, batida ou golpe leve, duplo tapa (double tap), longo tapa (long tap/hold), arrastar (drag), mudança de tela (flick) e múltiplos toques (multi-touch), como girar e rotacionar, por exemplo. Temos defendido que esses toques em tela são uma forma de “gestos em tela” e que podem estar associados a processos epistêmicos produzidos nessa interatividade, acompanhados ou não da fala.
No campo dos gestos que ocorrem em conexão com a fala, Goldin-Meadow (2005) classifica o comportamento não verbal em cinco tipos: ilustradores, adaptadores, emblemas, exibições de afeto e reguladores. Ilustradores são os gestos utilizados para complementar a comunicação verbal como, por exemplo, enfatizar o tamanho de certo objeto ao qual estamos nos referindo. Adaptadores são gestos que ocorrem de forma inconsciente ou com baixa consciência pessoal e não há intencionalidade de comunicação como, por exemplo, mexer os cabelos ou balançar as pernas. Emblemas são sinais não verbais que podem facilmente ser traduzidos em palavras, como o gesto de “legal” utilizando o polegar levantado. Exibições de afeto são formas de comunicação não verbais do corpo ou rosto que produzem significado emocional, como a forma como andamos ou realizamos movimentos faciais. Reguladores são mensagens não verbais que acompanham a fala para regular o que o locutor está dizendo e podem indicar um incentivo à continuidade de uma fala como, por exemplo, um acenar de cabeça ou um gesto para interrupção de uma conversa.
No que se refere a gestos que acompanham a fala, Mcneill (1992) identifica quatro dimensões para gestos: gestos icônicos, gestos metafóricos, gestos dêiticos e gestos de batidas. Gestos icônicos possuem uma relação próxima com o conteúdo semântico da fala, trazendo aspectos da cena que a fala apresenta, sendo gestos concretos, cujo significado depende da fala como, por exemplo, girar o dedo no ar para indicar que “o carro rodou na pista”. Esses gestos possuem limitações na matemática, pois não há gestos icônicos para objetos matemáticos. Gestos metafóricos apresentam imagem de um conceito abstrato como, por exemplo, o gesto de concha para representar o conceito de pergunta. Gestos dêiticos são movimentos demonstrativos ou direcionais, comumente acompanhados de palavras como “aqui”, “lá” ou “isto” e usados para indicar objetos, pessoas e locais como, por exemplo, apontar para uma cadeira e dizer que aquele aluno tirou uma boa nota. Gestos de batida são movimentos com pulsação rítmica da fala, como se marcassem um tempo musical e não carregam informações sobre o que está sendo abordado.
Na direção de completar essas classificações, Dreyfus et al. (2014) apresenta os gestos epistêmicos que podem servir a uma função comunicativa. Muitas vezes, esses gestos são acompanhados de expressões verbais, ajudam o estudante a reorganizar seu conhecimento, ilustrando ou esclarecendo para o próprio executor os objetos matemáticos e suas propriedades.
Esses estudos têm apontado diferentes formas de olhar para os gestos, sobretudo, numa perspectiva de classificá-los. Essas taxonomias apresentam elementos importantes no momento de analisar os gestos, mas nem todas podem ser utilizadas em dados produzidos no campo das interações “corpo-mídia-matemática”, pois a matemática trabalha com objetos abstratos, cujos gestos icônicos, por exemplo, não encontram referência. No entanto, compreender que existem diferentes tipos de gestos nos possibilita identificar os gestos que revelam processos epistêmicos.
Em resposta ao nosso objetivo, os estudos têm nos apresentado olhares diversos sobre a classificação de gestos para que possamos diferenciá-los e analisá-los identificando gestos que possam revelar processos epistêmicos, que denunciem o que os estudantes estão pensando quando se envolvem em tarefas matemáticas, valorizando o corpo e os gestos na promoção de novas experiências educativas.
BAIRRAL, M. Do clique ao touchscreen: novas formas de interação e de aprendizado matemático. In: REUNIÃO NACIONAL DA ANPEd, 36., 2013. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ANPEd, 2013, [18] p.
BAIRRAL, M. Educação e matemática em dispositivos móveis: construindo uma agenda de pesquisas educacionais focadas no aprendizado em tablets. In: COLÓQUIO DE PESQUISAS EM EDUCAÇÃO E MÍDIA, 4., 2014. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: UNIRIO, 2014, [5] p.
DREYFUS, T. et al. The Epistemic Role of Gestures: A Case Study on Networking of APC and AiC. In: BIKNER-AHSBAHS, A.; PREDIGER, S. (Eds.). Networking of Theories as a Research Practice in Mathematics Education. New York: [s.n], 2014.
MCNEILL, D. Hand and mind: what gestures reveal about thought. Chicago: University of Chicago Press, 1992.
GOLDIN-MEADOW, S. Hearing gesture: how our hands help us thing. Cambridge: Harvard University Press, 2005.
Comissão Organizadora
Sociedade Brasileira de Educação Matemática - ES
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Comissão Científica
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Andréia Weiss - UFES campus de Alegre
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Aparecida Ferreira Lopes - PMVV/PMV
Elcio Pasolini Milli - SEDU – ES
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Elemilson Barbosa Caçandre - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Ellen Kênia Fraga Coelho - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Fulvia Ventura Leandro Amorim - Pólo UAB – Cachoeiro de Itapemirim
João Lucas De Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Jorge Henrique Gualandi - IFES – campus Cachoeiro de Itapemirim (Presidente da comissão)
Júlia Schaetzle Wrobel - UFES – campus Vitória
Marcela Aguiar Barbosa - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
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Simoni Cristina Arcanjo - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Thiarla Xavier Dal-Cin Zanon - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Wanielle Silva Volpato - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Weverthon Lobo de Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim