JOGOS, BRINCADEIRAS E MATEMÁTICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE PERIÓDICOS NACIONAIS NO PERÍODO DE 2010 A 2020
Autor 1
Instituição
Coautor 2
Instituição
Introdução
Esse texto é um recorte de uma pesquisa realizada para o trabalho de conclusão de curso de uma universidade pública do nordeste brasileiro. Tem como objetivo apresentar uma caracterização geral e descritiva dos estudos encontrados sobre jogos e brincadeiras matemáticas na educação infantil e nos anos iniciais publicados em periódicos nacionais no período de 2010 a 2020. Resulta, portanto, de uma revisão sistemática bibliográfica de artigos científicos, fundamentada em Sampaio e Mancini (2007), e Coautor1 (2021)¹. A busca por esses estudos se deu no Portal de Periódicos da CAPES², seguindo as etapas de uma revisão sistemática: a) definição e utilização dos descritores de busca³; b) critérios de inclusão e exclusão das produções relacionadas ao objeto de estudo; c) identificação dos estudos pré-selecionados, d) leitura e categorização dos estudos selecionados; e) descrição e interpretação dos dados; e) apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
1. Fundamentação teórica
De acordo com Kishimoto (2011), algumas características contribuem para definir os jogos: (i) existem regras e estas são uma característica marcante; (ii) acontecem em um limite de espaço e de tempo, geralmente com início, meio e fim; (iii) possuem caráter não-sério4, geralmente relacionado ao riso e ao prazer; (iv) predomina a incerteza, pois não se sabe os rumos das ações dos jogadores, o que vai depender de diferentes fatores; (v) a sua natureza livre e voluntária, pois o jogador só joga quando tiver vontade, não sendo obrigado a fazê-lo.
Se tomarmos essas características, encontramos semelhanças e sutis diferenças em relação às brincadeiras. São semelhantes quanto à natureza livre e voluntária, a incerteza quanto
[1] A identificação do coautor será colocada na versão final do resumo, após avaliação às cegas.
[2] Disponível em: https://portaldeperiodicos.capes.gov.br
[3] Os descritores de busca foram: jogos AND brincadeiras AND matemática; jogos matemáticos; lúdico na matemática; brincadeiras AND matemática; jogos didáticos; jogos AND ensino de matemática.
[4] Kishimoto (2011) explica que o caráter não-sério não significa que brincadeira infantil não é séria, pois quando a criança brinca faz com seriedade. Significa o apelo ao riso, à natureza cômica, o riso que se contrapõe ao trabalho como atividade séria.
aos rumos, o caráter “não-sério”. Há diferenças em relação ao limite de espaço e tempo e também não existe um início, meio e fim pré-estabelecido para ser trilhado até se chegar à vitória, por exemplo. O que marca a diferença entre brincadeiras são as regras e a imaginação. Não significa reduzir a uma afirmação do tipo: jogos tem regras e brincadeiras não tem, ou também que brincadeiras têm imaginação e jogos não as têm (PICCOLO, 2009).
De acordo com Piccolo (2009), imaginação e regras assumem perspectivas diferentes nas brincadeiras e jogos. O que motiva as crianças nas brincadeiras relaciona-se ao que é inalcançável em suas atividades cotidianas. Faz isso pela imaginação. Nos jogos, o que as impusiona é apropriar-se daquele sistema de regras para realizar o jogo ou para mudá-las. Neste trabalho, como o autor, consideramos brincadeiras aquelas atividades lúdicas protagonizadas, em que a imaginação é predominante no faz-de-conta das crianças.
É importante ter clareza que, quando os jogos e as brincadeiras são planejados para fins pedagógicos, corre-se o risco de perderem sua natureza livre e voluntária. No que se refere à sua utilização para o trabalho com matemática, Muniz (2010) aponta duas dimensões a considerar: a estrutura lúdica planejada pelo educador e a atividade matemática construída pelas crianças nas relações com a estrutura proposta. Para o autor, o mais importante é o que a criança reelabora, pois os jogos e brincadeiras planejados para o ensino da matemática são por ela ressignificados.
2. Resultados alcançados
A partir do conjunto de descritores e do refinamento dos estudos com filtros disponibilizados pelo Portal da CAPES, obtivemos 353 artigos científicos. Muitos trabalhos não se relacionavam à tematica investigada. Em um processo cuidadoso de leitura de títulos, resumos, palavras-chave e introdução dos artigos, houve uma queda expressiva de estudos, com um total final de 9 produções que versavam sobre jogos, brincadeiras e matemática na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
Embora sejam poucos estudos, o Quadro 1 permite-nos visualizar em que períodos temos o maior quantitativo de produções, o que se dá entre 2016 e 2018 com 7 dos 9 artigos pesquisados. Com esses dados, parece-nos que nos últimos 5 anos houve um interesse maior em pesquisar sobre a temática. Dos 9 artigos, 2 são bibliográficos e 7 pesquisas de campo. Nas pesquisas bibliográficas temos: um estudo aborda a relação entre ludicidade e matemática com base no filósofo Huizinga (artigo 8) e um trabalho traz a relação entre o lúdico e a aprendizagem no contexto da educação matemática (artigo 2). As pesquisas de campo, organizamos em dois grupos: 5 delas envolveram jogos e brincadeiras para desenvolvimento de conceitos matemáticos com crianças da educação infantil e dos anos iniciais (artigos 1, 3, 4, 6 e 7). Os outros 2 artigos relacionaram-se à formação docente, um deles à formação inicial (artigo 9) e o segundo, à formação continuada (artigo 5).
Quadro 1- Ano de publicação, títulos, autores e participantes das pesquisas
Ano | Nº | Título | Participantes |
2012 |
1 | Didática recreativa matemática: ensino e aprendizagem em uma escola da comunidade (MEDINA) | 30 crianças do 2º ano (EF) escola pública |
2016 | 2
| O lúdico na aprendizagem: promovendo a educação matemática (BESERRA SOBRINHA; SANTOS) | Estudo bibliográfico |
3 | “Psiu, estou jogando!!”: o jogo no ensino da Matemática (LACANALLO; MORI) | Crianças do 5º e 6º anos5 (EF) escola pública | |
2017
| 4
| O ensino de matemática na educação infantil: uma proposta de trabalho com jogos (MORAES; ARRAIS; MOYA; LAZARETTI) | Crianças de 4 e 5 anos Palavras-chave Comissão Organizadora Sociedade Brasileira de Educação Matemática - ES Comissão Científica Alcelio Monteiro - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
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